Arame farpado, matar de sede e afogar crianças: a crueldade do Texas contra os imigrantes

Atualizado em 18 de julho de 2023 às 21:39
Cerca de arame farpado instalada na fronteira entre Texas e México, às margens do Rio Grande. Foto: Thomas Watkins/AFP

Policiais do Texas que atuam na região da fronteira com o México receberam ordens para empurrar crianças pequenas e bebês dentro do Rio Grande, causando assim seus afogamentos, e foram instruídos a não fornecer água aos imigrantes, apesar das altas temperaturas locais. Os fatos foram revelados em um e-mail de um policial do Departamento de Segurança Pública, que descreveu as ações como “desumanas”.

O relato, datado de 3 de julho, divulgado pelo Houston Chronicle, revela vários incidentes inéditos que o policial testemunhou em Eagle Pass, local onde foram instalados quilômetros de arame farpado e uma parede de boias no Rio Grande.

De acordo com o e-mail, uma mulher grávida que estava sofrendo um aborto espontâneo foi encontrada no final do mês passado presa no arame farpado, dobrada de dor. Outro relato dá conta de uma menina de quatro anos desmaiou devido ao esgotamento pelo calor, depois de tentar passar pela barreira e ser empurrada de volta por soldados da Guarda Nacional do Texas.

Arame farpado instalado na fronteira entre o Texas e o México. Reprodução

Um adolescente quebrou a perna ao tentar atravessar a água ao redor do arame e precisou ser carregado por seu pai. Na mensagem, enviada pelo policial enviou a um superior, sugere-se que o Texas tenha colocado “armadilhas” de barris envoltos em arame farpado em partes do rio.

A comunicação afirma ainda que o arame aumenta o risco de afogamentos, forçando os migrantes a buscarem áreas mais profundas do rio. O policial pediu uma série de mudanças rigorosas nas políticas para melhorar a segurança dos migrantes, incluindo a remoção dos barris e a revogação da diretriz de negar água.

“Devido ao calor extremo, a ordem de não fornecer água às pessoas precisa ser revertida imediatamente”, escreveu o policial, acrescentando posteriormente: “Acredito que ultrapassamos uma linha e entramos no desumano”.

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