John Roberts é um jornalista respeitado pela direita americana. Tem 63 anos, sempre atuou em grandes veículos e cobre a Casa Branca para a Fox News. Não é pouca coisa.
Os Bolsonaros podem ter preparado uma arapuca para o veterano, mesmo que ele seja uma grife do conservadorismo em um grupo aliado? Ou o plano era outro e não deu tão certo?
Roberts achou que havia dado um furo mundial, ao anunciar hoje pela manhã que falara com Eduardo Bolsonaro, quando ficou sabendo que o pai dele estava com o coronavírus.
O próprio Eduardo desmentiu depois a informação, que teria sido passada em dois contatos, segundo o jornalista.
A coisa pode ficar feia. A notícia não foi dada por um repórter jornal do Diário do Agreste, mas pelo homem da Fox na Casa Branca.
E aí vem a grande questão: por que os Bolsonaros teriam induzido a imprensa ao erro, para depois condenar as fake news, usando a Fox, se a emissora é a porta-voz da direita americana?
Pode ter sido mais uma barbeiragem dos Bolsonaros? E se o americano tiver como provar que falou com o filho que pretendia ser embaixador e agora espalha notícias falsas até para os amigos?
A Fox experimentou do veneno que ajuda a disseminar, com o apoio incondicional à extrema direita, incluindo a brasileira.
Os Bolsonaros podem ter arquitetado um grande plano que não deu certo. Informam a Fox, que é respeitada e é de direita, e esperam que a Globo e a Folha mordam a isca, o que não aconteceu.
O plano pode ter sido este: acusar os dois maiores inimigos de disseminadores de notícias falsas sobre a saúde do presidente da República. O plano falhou em parte e possivelmente na parte que mais interessava.
Cometeram uma grosseria com um aliado e ajudaram a desmoralizar um grande nome do jornalismo americano.
(No meu tempo de redação, por cumprimento de protocolos básicos, conversas com esse tipo de informação eram gravadas. Faziam isso logo depois de Gutenberg. Mas hoje talvez seja diferente. O mais provável é que Roberts tenha confiado num Bolsonaro como confia em suas fontes americanas.)