O procurador-geral da República, Augusto Aras, disse a interlocutores que não tem a intenção de abrir inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ministro Alexandre de Moraes, pois isso poderia agravar ainda mais a crise entre os Poderes, segundo reportagem da CNN.
Assim, Aras deve contrariar os interesses do presidente Jair Bolsonaro (PL) para amenizar o clima de discórdia entre o Palácio do Planalto e a Corte.
Durante um um almoço, na terça-feira (17), com empresários e advogados, Aras discordou de Bolsonaro e disse que as eleições ocorrerão normalmente e que “o Ministério Público Eleitoral e a Justiça Eleitoral estarão atentas a ataques contra a democracia, bem como atuantes no combate às fake news”.
Aras tem conversado com ministros do STF e também com parlamentares, em especial, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), em busca de amenizar as tensões entre os Poderes. Pedir abertura de inquérito agora contra Moraes poderia comprometer a relação da Procuradoria-Geral da República (PGR) com o STF.
A queixa-crime apresentada por Bolsonaro contra Moraes foi sorteada para a relatoria do ministro Dias Toffoli. O presidente contesta a legalidade do inquérito das fake news, que foi aberto justamente Toffoli, em 2019.
Toffoli pode mandar arquivar o pedido do presidente ou pedir um parecer para a PGR. A expectativa no Supremo é que ele encaminhe o caso para Aras examinar e, depois, arquive o pedido.