O presidente da Argentina, Javier Milei, tomou medidas controversas esta semana, cortando recursos vitais para as províncias argentinas. Essas ações geraram uma onda de críticas e tensões políticas, com promessas de confronto vindas dos governadores afetados.
Milei anunciou o cancelamento do Fundo de Fortalecimento Fiscal da província de Buenos Aires, desencadeando a ira do governador Axel Kicillof. Em uma coletiva de imprensa, Kicillof acusou o presidente de extorsão e ameaças, alertando para os graves impactos desse corte, especialmente nos setores educacionais e de alimentação.
Esta não foi a única província afetada, com Chubut também sofrendo cortes de recursos. O governador Ignacio Torres retaliou, prometendo suspender o fornecimento de petróleo e gás para o resto do país. A solidariedade de outros governadores da região patagônica a Chubut exacerbou ainda mais a situação.
A decisão judicial exigindo a devolução dos recursos para Chubut ressaltou a tensão entre o governo nacional e as províncias. No entanto, o governo de Milei anunciou sua intenção de recorrer da decisão, sinalizando uma prolongada disputa legal. Com informações da Carta Capital.
Estamos frente a uno de los momentos más maravillosos de nuestra historia, donde es posible ver a la casta política revolcarse en la miseria y apelando a todo tipo de mentiras para defender sus privilegios y asi cargar los costos de sus delirios sobre los argentinos de bien.
— Javier Milei (@JMilei) February 27, 2024
Em uma entrevista ao La Nación, Torres criticou a abordagem do governo nacional, acusando-o de tentar subjugar as províncias e minar qualquer forma de diálogo.
O cientista político Leandro Gabiati contextualizou esses eventos, destacando que as ações de Milei parecem ser uma resposta à derrota de seu projeto de lei de ajuste fiscal no Congresso Nacional. Gabiati alertou para os riscos dessa abordagem confrontacional, que poderia levar a crises políticas e sociais.
“Ele tentou impor o projeto de lei ao Congresso e não quis negociar, e assim o projeto acabou derrotado. O decreto que ele editou em dezembro tem chance de cair ou de não avançar quando começarem as sessões agora no mês de março no Senado e na Câmara”, pontuou.
Ele também observou as diferenças entre a Argentina e o Brasil em termos de autonomia das províncias, destacando a maior dependência financeira das províncias argentinas em relação ao governo central, o que intensifica os conflitos históricos em torno da distribuição de recursos.
“No Brasil, você tem estados com uma certa autonomia econômica – como São Paulo, Paraná, do Sul, do Sudeste, até do Centro-Oeste e do Nordeste também. Logicamente que os repasses e a divisão de recursos são importantes, mas elas têm uma vida econômica própria. Isso acontece em menor medida na Argentina. Então, esses repasses de recursos são o centro do conflito que é histórico na Argentina”, concluiu.