Por Moisés Mendes
O jornal Pagina 12 traz um deboche com Paulo Guedes na capa da sua versão online. A manchete informa:
“Não queremos nos transformar numa Argentina”, diz o ministro da Economia de Bolsonaro.
Guedes está atacando a Argentina – quebrada por Macri, amigo dele –, por causa do afastamento do país das negociações conjuntas do Mercosul.
Segundo Guedes, o Brasil vai seguir o caminho da prosperidade. E agride Alberto Fernández, há apenas três meses no poder, como se ele tivesse culpa pela miséria do país que herdou da direita macrista.
Mas o Página 12 faz a sua interpretação da declaração do ministro que perdeu o comando da economia para o general Braga Netto.
O jornal diz que o Brasil nunca será uma Argentina porque tem mais de 4 mil mortes e quase 70 mil infectados pela pandemia. E a Argentina tem apenas 192 mortes com 3.800 casos de contágio.
O número de infectados na Argentina é menor do que o de mortos no Brasil.
Na Argentina, quem tenta burlar a quarentena pode ser preso. No Brasil, está tudo liberado.
A Argentina tem 4.200 leitos de UTI e apenas 142 estavam ocupados ontem. No Brasil, a capacidade das UTIs já se esgotou em muitos Estados. No Rio, hoje à tarde 326 pessoas esperavam na fila por uma vaga em UTI.
Os brasileiros morrem dentro das ambulâncias no Rio, em Manaus, em Fortaleza, e já estão prevendo a repetição desse cenário em São Paulo, no Recife, em Belém.
Em se tratando de pandemia, o raciocínio poderia ser o contrário: a Argentina não pode pretender ser um dia o Brasil que não para de matar pobres e mais ainda agora com o descontrole da peste.