Permaneceu durante horas no título da coluna de Lauro Jardim, no Globo, uma cascata que ele desmentiu na própria nota: “Mauro Vieira é acusado de injúria racial por camareira de hotel”.
“O chanceler Mauro Vieira foi acusado por uma camareira do apart-hotel Top Leblon de injúria racial. Ela está depondo neste momento na 14ª Delegacia de Polícia, no Leblon. Está acompanhada de uma testemunha. A história relatada à Polícia teria ocorrida pouco antes do almoço”, dizia o texto.
“Policiais estão buscando no hotel imagens que possam esclarecer a denúncia. Segundo o depoimento da camareira, ela teria sido chamada de ‘macaca’ pelo ministro ao questionar sua entrada no apartamento 801 do Top Leblon”.
Eis um dos motivos da grita contra a decisão do STF que responsabiliza os veículos por publicarem informações sabidamente mentirosas de entrevistados. É difícil crer que um macaco velho como Lauro não tenha desconfiado da veracidade do que lhe passaram.
Na melhor das hipóteses, fiou-se numa fonte mal intencionada, talvez da fabulosa Polícia Civil do Rio, para dar uma notícia sem checagem, apenas movido — na melhor das hipóteses — pela pressa.
Às 14h46 de sexta ele postou uma acusação que não sobreviveu duas horas. Às 16h01, ele acrescentou a informação que importava: as imagens fornecidas pela corporação “mostram que o homem acusado pela camareira não é o chanceler”.
A conta-gotas, o público ficou sabendo que o ministro não pisa há “cerca de dois meses” no apart-hotel carioca Top Leblon, onde se desenrolou a novela.
É provável que desde o começo todos os atores soubessem que não se tratava de Mauro Vieira. O sujeito supostamente flagrado atacando a camareira — supostamente — não se parece, nem remotamente, com Vieira.
A nota ficou com o título fraudulento por muito tempo, alimentando o esgoto da extrema-direita. Mais tarde, dada a repercussão, ele a corrigiu e esfolou o gato novamente com outra notinha: “Mauro Vieira nega ter cometido injúria racial; polícia confirma versão do chanceler”.
“Acusação falsa e armada contra o chanceler Mauro Vieira foi desmontada rapidamente com as imagens gravadas, mas há que se investigar com rigor essa armação, pode haver crime grave aí”, diz o jurista Pedro Serrano.
Esse episódio é rico em maldade, eventualmente em incompetência também. O velho modus operandi consagrado pelo lavajatismo. É necessário apurar quem quis destruir a reputação de Mauro Vieira. Lauro Jardim tem a chave.
Com uma mídia venal, cúmplice e vitimista, a resposta vai ficar para as calendas.