As caixas da rua da morte. Por Moisés Mendes

Atualizado em 18 de outubro de 2023 às 7:28
A senadora Eliziane Gama. (Foto: Reprodução)

A senadora Eliziane Gama ofereceu ontem pela manhã ao jornalismo uma pauta que as redações haviam desprezado até o início da noite.

Ao apresentar o relatório da CPI do Golpe, Eliziane fez uma pausa, parando de ler o texto do documento, para revelar o que segue.

Disse que na semana passada seu gabinete recebeu três caixas, que foram examinadas pela polícia do Senado. Era preciso saber se não havia uma bomba dentro.

As caixas tinham livros e recortes. Mas Eliziane não esclareceu detalhes do seu conteúdo.

A senadora disse apenas que o endereço de remessa das caixas fazia referência a “uma área militar do sul do Brasil”. E enfatizou que muitos ataques dirigidos a membros da CPI vieram de “áreas militares”, com a clara intenção de intimidar.

As informações ficaram soltas. Quem foi pesquisar na internet, como eu fiz, para saber se havia mais informações a respeito, descobriu que a senadora já havia se referido às caixas em entrevista na sexta-feira, dia 13, ao pod cast PodCrêSiô, do jornalista maranhense Gildean Farias.

Eliziane disse que no endereço das caixas havia algo escrito como “rua da morte”. A colunista do Globo Bela Megale informou que as caixas chegaram ao gabinete na quarta-feira da semana passada e esclareceu pelo menos um ponto: o endereço do remente, mesmo que possa ser falso.

Bela Megale escreveu: “Funcionários do gabinete da senadora consideraram os pacotes suspeitos por terem como remetente um endereço referente a um quartel do Exército localizado no Rio Grande do Sul”.

As caixas tinham livros que reúnem frases de Bolsonaro e de seguidores dele e recortes de jornais. São informações vagas, que não esclarecem nada.

E ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: reprodução

O que não sabemos ainda: qual é o quartel, onde fica a rua da morte, o que tinha de fato nas caixas e o endereço informado é uma ‘brincadeira’, um deboche ou é verdadeiro?

Como há muito tempo tudo é possível, não há como duvidar que as caixas tenham saído de um quartel.

Assim, meio solta, a informação sobre as caixas contribuiu para que todos fiquem sabendo das ameaças aos membros da CPI. Mas nada mais do que isso.

Eliziane Gama leu o relatório com voz firme, com o destemor de quem abriu sempre os interrogatórios na CPI, na condição de relatora da comissão, sem se assustar com os avisos do fascismo.

Agora, é esperar que não aconteça com esse relatório o que ocorreu com o mesmo documento da CPI da Covid, entregue há exatamente dois anos ao Ministério Público. Não há um indiciado, um só.

Publicado originalmente em Blog do Moisés Mendes

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