Em 2010, acompanhei as andanças do candidato a vice-presidente de José Serra, Índio da Costa, para fazer um perfil do moço.
Um dia em Erechim ele se sentou na cabeceira da mesa, para uma reunião com líderes da região.
Diante dele, colocaram um bloco de anotações e uma caneta. Ele pegou a caneta, examinou, empurrou para o meu lado e pegou a minha Bic.
Disse algo como: Essa caneta é mais parecida com o meu jeito ou o meu estilo.
A caneta rejeitada era preta e com anéis dourados. Tinha pose de coisa fina, mas é provável que imitasse uma caneta de grife.
Costa queria uma Bic. Foi com essa cena da caneta que abri o texto do perfil dele. O cara de família de elite tentava se desvencilhar de coisas que não são, mas parecem finas.
Lembrei dessa história por causa da polêmica da caneta usada por Lula na posse.
Lula contou que a caneta era um presente que ganhara de uma pessoa na rua, no Piauí, em 1989.
Havia perdido a caneta e a encontrou agora. Os jornais saltaram em cima da história e descobriram que aquele não seria um objeto qualquer, e sim uma Montblanc Writers Collection F. Scott Fitzgerald.
Uma caneta cara, que homenageia o escritor e saiu, em série limitada, em 2002.
Se a caneta era falsa, como aquela que ofereceram a Índio da Costa, como poderiam ter feito a falsificação em 1989, se a caneta somente foi criada em 2002?
A caneta pode ser uma imitação da série especial e pode ser outra caneta. E Lula pensa que é aquela lá do Piauí.
E tem ainda a caneta azul, azul caneta… Mas aí já é outra história.
(A caneta com anéis dourados de Erechim ficou sobre a mesa, e Índio da Costa levou a Bic)
Publicado originalmente em Blog do Moisés Mendes