O ministro da Defesa, José Múcio, disse nesta quinta-feira (21) que é necessário “separar culpados dos suspeitos” na investigação do suposto plano golpista envolvendo membros da cúpula das Forças Armadas.
A declaração ocorreu após o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), afirmar em sua delação premiada com a Polícia Federal (PF) que o ex-presidente se reuniu com comandantes do Alto Comando para discutir uma minuta golpista.
O militar ainda revelou que o comando do Exército afirmou ao então presidente que não apoiaria a ideia golpista. Por outro lado, o ex-comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier Santos, teria assegurado a Bolsonaro que sua tropa estaria pronta para seguir suas ordens.
Múcio disse que os comandantes não apoiaram o plano golpista. O ministro pretende se reunir ainda nesta semana com os representantes do Exército, Marinha e Aeronáutica.
“As Forças Armadas não aceitaram proposta de golpe. Eu digo isso há algum tempo. As instituições não embarcaram. É importante que esse processo se conclua, para que possamos separar os culpados dos suspeitos”, afirmou Múcio ao GLOBO.
“A aura de suspeição coletiva nos incomoda, mas as informações que saíram hoje são relativas a comandantes passados. Não mexe com ninguém que está na ativa. Ficamos sempre torcendo que essas coisas tenham fim. É ruim trabalhar num manto de suspeição. Quem não tem nada a ver com isso se sente incomodado”, declarou.
O ministro ainda reforçou que o golpe nunca foi de interesse das Forças Armadas. “Uma coisa tenho certeza cristalina: o golpe não interessou em momento nenhum às Forças Armadas. São atitudes isoladas. Devemos ao Exército, Marinha e Aeronáutica a manutenção da nossa democracia”, disse.
Nesta tarde, ao chegar a um evento no Ministério de Ciência e Tecnologia, Múcio afirmou que a as Forças Armadas estavam “100% ao lado da lei”, mas que o ex-comandante da Marina não estava.
Segundo o ministro, a postura não representa o sentimento das Forças Armadas. “É uma coisa pessoal. Sabia, mas ele passou. Olha, ele não me recebeu para conversar, depois, nós nos encontramos, eu conversei. Mas era uma posição pessoal, havia um presidente eleito, havia um presidente empossado, a justiça promulgou, de maneira que nós estávamos 100% do lado da lei, e ele não”, afirmou.