Outro dia Haddad foi criticado por citar uma frase clássica de um dos maiores economistas da direita, Milton Friedman.
Não existe almoço grátis, esta a frase.
Poucas máxima sintetizam tanto as coisas. Alguém está sempre pagando a conta, mesmo quando você acha que o almoço que comeu era gratuito. (Quase sempre o pagante anônimo é o contribuinte.)
Com base nisso, eu pergunto o seguinte: qual é o custo da Lava Jato? Quanto já foi gasto? Quanto se imagina ainda gastar? Por quanto tempo?
É inacreditável a falta de transparência da operação. É como se ela fosse grátis. Mas, como disse Friedman, não há nada grátis. Alguém está cobrindo um custo desconhecido.
Você, eu, nós: o contribuinte.
Por isso, a sociedade deveria ser notificada sobre a contabilidade da Lava Jato. Até porque, quando os custos estão escondidos, é grande a tentação de inflá-los para meter a mão.
Essa cobrança é ainda mais urgente quando se vê como está sendo gasto o dinheiro público. Quanto está custando a investigação em torno do já anedótico Sítio do Lula?
Quantos agentes estão dedicados a essa tarefa? Quantos burocratas estão envolvidos?
E então você vê uma canoa de 4 000 reais virar notícia. Ou seja: um ou mais policiais foram vasculhar lojas em busca de coisas ridículas como esta.
Quanto custou isso?
Agora, um fato novo: as fotos aéreas que a Folha produziu sobre o sítio. O resultado é um brutal desapontamento para os que querem, alucinadamente, vincular Lula a dinheiro sujo e patrimônio oculto.
É um sítio, as fotos mostram, à altura da canoa. Ou do infame Triplex do Lula, um apartamento que um diretor da Globo, ou da Abril, poderia comprar com os bônus de final de ano.
Lula já mostrou documentos que provam que não é dele, e até o Globo parece já ter desistido de insistir no assunto. Nesta semana, o Globo deu uma matéria segundo a qual, ao desistir da opção de compra, Lula teria perdido 100 mil reais no apartamento.
Mas a Lava Jato chegou ao cúmulo de dar o nome de Triplo X a uma fase, numa menção repulsiva ao Triplex do Lula.
Mais uma vez: quanto foi gasto na investigação sobre o apartamento? Alguém sabe?
E para manter prisioneiros pessoas cuja culpa está longe de ser provada? Tivemos, há pouco, o depoimento de Dirceu. Ele pôde enfim falar seis meses depois de ter sido posto na prisão em Curitiba.
Ele reclamou disso a Moro, um juiz aparentemente despreparado e tatibitate. A resposta: “Agora você está podendo falar.”
Ora, ora, ora.
Agora: seis meses depois. Meio ano. Quanto isso vale na vida de um homem da idade de Dirceu? Se Dirceu depois pedir uma indenização, qual será o valor justo, e quem pagará? O valor justo não sei, mas quem pagará é o contribuinte.
Como tudo na vida, uma operação da Polícia Federal deve ter tempo para começar e tempo para terminar. Não pode prolongar-se até sabe-se lá quando.
E deve obedecer também a orçamentos. Qual é o da Lava Jato?
Ninguém sabe. Entre as infinitas reportagens sobre a operação, não há uma única que traga luz sobre estas sombras.
É a mistura de inépcia e má fé que marca a imprensa brasileira destes nossos dias.
A Lava Jato pode, no final, se revelar uma operação cara, demorada, incompetente, enviesada e de consequências desastrosas para o país.
Espero, francamente, estar errado, mas esta é minha aposta, pelo que vi até aqui.