Publicado no Blog do Moisés Mendes
O pastor Silas Malafaia foi o mais famoso líder civil ao lado de Bolsonaro nos palanques ontem.
Ao lado de Malafaia, na Paulista, o ex-senador e pastor Magno Malta. Do outro lado, o pastor deputado Marco Feliciano. Misturados a eles, pastores que não são famosos.
Ao lado de Feliciano, o ministro Tarcisio Freitas, da Infra-Estrutura, que poucos sabem quem é, mas deseja ser governador de São Paulo.
Notem que todos olham com ar de admiração e enlevo para Bolsonaro, como se estivessem participando de fato de um momento histórico.
Em Brasília, estavam ao lado de Bolsonaro os generais Hamilton Mourão, Braga Netto e Luiz Eduardo Ramos e o senador Marcos Rogério, aquele da CPI do Genocídio, que mantinha um importante assessor envolvido com traficantes.
O detalhe relevante desta foto é o estilo despojado e esportivo dos generais, que certamente foi combinado.
Eles tentam passar duas mensagens. A primeira é a de que estão ali como civis, e não como militares da reserva. Mas que mesmo assim sejam vistos como generais, de camiseta, mas generais, e todos bem juntinhos de Bolsonaro.
A segunda mensagem pode parecer conflitante com a primeira. A sensação é de que os três estavam em casa e saíram com roupas de feriadão, para logo depois voltarem direto para o churrasco.
Os generais tiram a solenidade do ato, evitam tratar o fato com um mínimo de cerimônia e liturgia, para dar a entender que estão de passagem no que pode ser qualquer coisa, menos uma homenagem ao 7 de setembro.
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Mas e os outros líderes, onde se meteram? Bolsonaro repetiu dias antes do discurso e voltou a dizer nos dois discursos que iria tirar uma foto do que poderia ser a preparação para o golpe.
Os ministros civis decidiram ficar de fora da foto histórica? E os deputados do centrão?
E os empresários do agro pop? E os grileiros? E os vendedores de cloroquina e vacina superfaturada?
Bolsonaro foi abandonado ontem em Brasília e em São Paulo.
Se não tivesse os militares em Brasília e os pastores na Paulista, estaria quase sozinho.
O resto era gente quase anônima, papagaios do 7 de Setembro.
Nem os filhos apareceram para tirar a foto com o pai.