As mentiras que Ricardo Nunes contou no último debate antes do 2° turno

Atualizado em 26 de outubro de 2024 às 8:27
Ricardo Nunes e, ao fundo, Guilherme Boulos durante o debate: o prefeito contou mentiras durante o evento. Foto: Divulgação

Os candidatos à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) participaram nesta sexta-feira (25) do debate da TV Globo. Foi o último encontro antes do segundo turno, que acontece neste domingo (27), no qual Nunes apresentou novas mentiras.

“Hoje, são 30 (UPAs). O Bruno e eu abrimos 27. Dessas, eu abri 19”, declarou o emedebista. No entanto, a realidade não é bem essa. De fato, São Paulo possui atualmente 30 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), mas a gestão de Ricardo Nunes e do ex-prefeito Bruno Covas inaugurou 17 UPAs entre dezembro de 2021 e agosto de 2024, e não 27, como afirmou o candidato.

As UPAs inauguradas incluem: Vergueiro (2021), City Jaraguá (2021), Mooca – Dom Paulo Evaristo Arns (2021), Vila Mariana (2021), Jabaquara (2021), Cidade Tiradentes (2021), Parelheiros (2022), Elisa Maria I (2022), D. Maria Antonieta Ferreira de Barros (Grajaú) (2022), III Carrão – Vereador Masataka Ota (2023), Rio Pequeno (2024), Parque Doroteia (2024), 21 de Junho [Freguesia do Ó] (2024), III Vila Maria Baixa (2024), Dr. Atualpa Girão Rabelo (2024), III Jardim Peri (2024) e UPA Dr. Atualpa Girão Rabelo [Itaim Paulista] (2024).

Algumas dessas unidades foram concluídas com obras iniciadas ainda na gestão de Fernando Haddad (PT). Ao final do mandato de Haddad, em dezembro de 2016, a cidade contava com três UPAs, e havia 12 unidades em construção, posteriormente inauguradas por Covas e Nunes.

A prefeitura informa que as UPAs Vera Cruz e Santo Amaro também foram entregues por Nunes. Porém, essas unidades foram construídas antes de seu mandato: a UPA Vera Cruz foi finalizada em 2018, na gestão de João Doria, e expandida em dezembro de 2023; a UPA Santo Amaro foi inaugurada na gestão de Covas, em 2018, e também foi expandida, com as obras finalizadas por Nunes em junho de 2024.

Guilherme Boulos e Ricardo Nunes no estúdio — Foto: Fábio Tito/ g1
Guilherme Boulos e Ricardo Nunes no estúdio da rede Globo: este foi o último debate antes do segundo turno — Foto: Fábio Tito/ g1

Em outro momento, Nunes afirmou: “Eu consegui elevar a saúde financeira da cidade. Resolvi a saúde financeira para cuidar da saúde das pessoas”. Contudo, esta declaração omite que a recuperação financeira de São Paulo começou antes de sua gestão.

Em 2015, Fernando Haddad (PT), então prefeito, assinou um acordo de renegociação da dívida com a União, reduzindo o débito de R$ 64,8 bilhões para R$ 28 bilhões, uma redução de 56,7%. Isso diminuiu as parcelas mensais pagas à União de R$ 370 milhões para R$ 200 milhões, consolidando a renegociação como um marco da gestão petista.

Em março de 2022, Nunes assinou um acordo de R$ 25 bilhões com o então presidente Jair Bolsonaro (PL) para extinguir a dívida do município em troca da cessão do Campo de Marte à Aeronáutica. O Campo de Marte, localizado na Zona Norte de São Paulo, é uma área em disputa judicial entre a prefeitura e a União desde 1958. Embora o terreno pertença ao município, o aeroporto deveria ser administrado pelo governo federal, mas os custos recaíam sobre o município.

Além disso, sob a gestão de Nunes, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou a Reforma da Previdência para servidores públicos, proposta pelo prefeito em novembro de 2021 em meio a protestos. Segundo uma reportagem do Estadão de 2023, o déficit anual do município com aposentadorias e pensões foi reduzido pela metade, passando de R$ 5,6 bilhões em 2020 para R$ 2,9 bilhões em 2022.

Com a reforma, cerca de 63 mil aposentados que recebem acima de um salário mínimo (então R$ 1.100) passaram a contribuir com 14% para a Previdência municipal, enquanto anteriormente a contribuição era cobrada apenas de quem ganhava acima de R$ 6.433.