No dia em que Crivella é preso em operação sobre esquema de propina na prefeitura do Rio de Janeiro, observadores argutos da internet lembram dos sinais exteriores de que Jair Bolsonaro não vive de dinheiro honesto.
Rogéria Nantes, a primeira, mãe de Flávio, Carlos e Eduardo, comprou apartamento em dinheiro vivo, no valor de R$ 621 mil.
A segunda mulher, Ana Cristina Valle, comprou catorze imóveis, parte deles pago em dinheiro vivo.
A atual esposa, Michelle, recebeu pelo menos R$ 72 mil em depósitos de Queiroz.
Pelo menos é a palavra correta, já que esses depósitos foram descobertos a partir da quebra do sigilo de Queiroz.
E se fosse quebrado o sigilo de Michelle, o que se encontraria ainda das transferências normais?
Depósito em dinheiro, como ocorreu na conta de Flávio?
Bolsonaro se elegeu com discurso de outsider da política. Seria incorruptível.
A leitura do processo de separação da segunda ex-mulher, em 2008, mostra que nada mais falso.
A revista Veja teve acesso ao processo. Veja um trecho da reportagem, em setembro de 2018:
No curso de um processo de separação após dez anos de casados, a ex-mulher de Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle, afirmou que o hoje presidenciável do PSL tinha uma “próspera condição financeira”: a renda mensal do deputado chegava a 100 000 reais – cerca de 183 000 reais, em valores específicos. Na época, oficialmente, Bolsonaro recebia 26 700 reais como deputado e 8 600 reais como militar da reserva. Para chegar aos 100 000 reais, diz a ex-mulher, Bolsonaro recebia “outros proventos”, que ela não identifica.
VEJA teve acesso às mais 500 páginas do processo de separação litigiosa, iniciado em abril de 2008. A ação contém uma série de incriminações mútuas que fazem parte do universo privado do ex-casal. Há, no entanto, acusações de Ana Cristina ao ex-marido que entram na esfera de interesse público porque contradiz a imagem que Bolsonaro construiu sobre si mesmo na campanha presidencial. Além da renda superior ao que ele ganhava, ela relatou ainda ocultação de patrimônio da Justiça Eleitoral, o furto de um cofre com joias e dinheiro e a “agressividade desmedida” do parlamentar.