Por Moisés Mendes
Podemos ter certeza de que até agora o bolsonarismo está bem mais incomodado com as pesquisas do que a campanha de Lula. As expectativas não são as mesmas, mas as da extrema direita são as mais frustradas.
O primeiro indício desse incômodo: Bolsonaro mexeu na modulação do seu humor, que vinha bem desde domingo e foi sendo afetado pela perspectiva de que tudo irá se repetir no segundo turno.
Bolsonaro voltou a atacar Lula e o ministro Alexandre de Moraes e retomou as suspeitas contra a apuração. Há um evidente desconforto.
Pelo lado do lulismo, sentem-se frustrados os que acreditavam que, depois das invertidas das esquerdas nas fake news do fascismo, Bolsonaro seria avariado.
Circulou um vídeo antigo em que ele admite que comeria carne de indígena na Amazônia. Outro vídeo mostrava uma seleção de ataques às mulheres e ainda teve a live com a depreciação dos nordestinos.
Mais dois fatos resgatados. A presença do sujeito em um evento da maçonaria, o que poderia ter incomodado os evangélicos, e a confissão de que deixou que sua ex-mulher decidisse se iria abortar ou ter o filho Jair Renan.
Foi também a semana de bloqueio de verbas das universidades federais, desbloqueadas só na sexta-feira.
Por tudo isso, a diferença inalterada em relação ao primeiro turno frustra quem achava que Bolsonaro sofreria estragos, mesmo que tenha obtido o apoio de governadores reeleitos ou eleitos. É mais dos mesmos.
No confronto de notícias negativas e positivas, Lula tem um saldo muito superior, com a conquista de apoios importantes de economistas liberais, a adesão incondicional de Simone Tebet à sua candidatura e a declaração de apoio e afeto de Fernando Henrique.
E não houve contra Lula o bombardeio de informações antigas que incomodaram Bolsonaro.
No Datafolha desta sexta-feira, Lula apareceu com 53% dos votos válidos, e Bolsonaro com 47%. São seis pontos de diferença.
No primeiro turno, Lula teve 48,4% e o amigo do padre teve 43,2%. A pesquisa deixa Lula em situação melhor do que a do resultado da primeira rodada.
O que o Datafolha mostra, nos principais dados, é que tudo continua como antes depois do primeiro turno.
Não há indecisos suficientes para reverter o que aparece na fotografia hoje. São apenas 2% de indecisos e 6% que pretendem anular o voto ou votar em branco.
O temor do PT, que apareceu no primeiro turno e se repete no segundo, é o da abstenção no Nordeste.
No mais é só manter o que foi conquistado até aqui e se preparar para o primeiro debate dia 16 de outubro, domingo, às 20h, na Bandeirantes.
Publicado originalmente no Blog do Moisés Mendes