Publicado originalmente no blog do autor
Muitas das manchetes dos jornais desta segunda-feira anunciavam que Bolsonaro havia caído na censura das organizações que controlam as redes sociais.
A informação básica era essa: depois do Twitter, Facebook e Instagram também apagaram post de Bolsonaro. Apagaram ainda posts de Flavio e Eduardo Bolsonaro. Surpreendentemente, Carluxo escapou.
O argumento é o que todos conhecem. As redes sociais entendem que os posts levam à desinformação que pode causar danos reais às pessoas, no contexto de uma pandemia.
Todos os Bolsonaros defendem o indefensável, que é a gandaia geral que subestima a peste. Os Bolsonaros são uma família de Coringas, pai e filhos são amorais.
Mas só Bolsonaro e os filhos fazem isso? Se o Facebook, o Instagram e o Twitter fossem tirar todos os conteúdos publicados nesse tom, de defesa da volta ao trabalho, do fim do isolamento e da reabertura total do comércio, escaparia pouca gente.
Se isso acontecesse, a repressão levaria as redes sociais a morrer de fome. Eu não sei nem como chegar aos grupos de relacionamento da direita e da extrema direita. Nem quero chegar.
Mas todo mundo sabe que a direita apoderou-se de todos os espaços das redes sociais. Há nazistas nas redes, articulados com grupos bolsonaristas, porque se misturam e se confundem. E os radicais da extrema direita são no fim quase a mesma coisa.
Há fascistas, há racistas, homófobos. As redes foram infectadas pelo banditismo antes da pandemia. As redes vivem do ódio que eles disseminam. Bolsonaro e os filhos são parte desse ambiente, são criaturas e criadores.
Os Bolsonaros não existiriam sem essa claque. Juntos, Bolsonaro e os filhos tiveram 64.128.657 de votos. Sim, eles são donos de 64 milhões de votos.
Sem esses votos, os Bolsonaros não seriam nada. As pessoas que sustentam os Bolsonaros repetem nas redes o que a família diz. Sabe-se que muita gente diz coisa pior.
Fazer campanha contra o isolamento é quase nada em relação às atitudes do reacionarismo assumidamente bandido.
Os adoradores extremados do líder pregam o que os Bolsonaros defendem, que a pandemia não existe, que todo mundo deve ser liberado, que só velhos e doentes vão morrer. E muito mais.
Os robôs das redes sociais sabem disso e identificam nos apoiadores dos Bolsonaros a mesma obsessão pela morte. Não precisamos nem vamos repetir o que eles dizem.
Mas os robôs não agem contra todo mundo. Só os chefes das redes são acionados politicamente para censurar os Bolsonaros por conduta inadequada.
Assim as redes sociais ficam numa boa com democratas e progressistas. Mas é uma atitude seletiva. É uma censura que conforta os que não entendem como os Bolsonaros ainda estão livres e soltos.
A censura das redes nos dá o que é possível, uma punição consoladora. Ninguém pega os Bolsonaros, mas as redes tiram seus posts do ar.
Pobres brasileiros que dependem do Facebook, do Twitter e do Instagram para terem a sensação de que Bolsonaro e os filhos foram punidos.