O que morre e o que floresce no mundo da mídia

Atualizado em 24 de outubro de 2014 às 16:15
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Duas notícias de ontem, uma nacional e a outra internacional, resumem o mundo da mídia às vésperas de 2014.

A primeira foi o anúncio, pela Editora Globo, do fim da revista Época São Paulo tal como foi lançada.

Era um título mensal que acompanhava a Época, tal como acontece com a Veja São Paulo, apenas com frequência diferente.

Para fazer sentido, a Época São Paulo teria que trazer anúncios suficientes para cobrir os custos de produção e impressão, uma vez que chegava ao leitor gratuitamente.

Acontece que a internet vem roubando publicidade em ritmo frenético da mídia impressa – e então a Época São Paulo se tornou um problema sem solução.

A única coisa que poderia salvar a revista seria ela ampliar sensivelmente a venda da Época, mas também a circulação da mídia impressa declina intensamente.

No mundo, títulos vistosos da linha da Época São Paulo agonizam. A célebre revista inglesa Time Out passou a ser distribuída gratuitamente, na esperança – até aqui vã — de conseguir anúncios pelo aumento da circulação.

A americana New York – inspiração da Veja São Paulo no design e no conteúdo – passou recentemente a ser quinzenal, para cortar custos e esticar a sobrevivência.

Esta é uma tendência na mídia impressa: a troca de frequência. É previsível que muitos jornais diários passem a circular duas ou três vezes por semana, pela mesma lógica salvacionista da New York.

Ainda no campo da mídia impressa, mas agora no mundo dos diários, você pode avaliar o cenário pela revelação, esta semana, de que os jornais de Murdoch no Reino Unido – o Times e o Sun – acumularam perdas de 500 milhões de libras nos últimos dez anos.

A notícia internacional de ontem que mostra o outro lado do negócio da mídia vem dos Estados Unidos.

O magnata digital Pierre Omidyar, que fez fortuna jovem no Ebay, anunciou os primeiros 50 milhões de dólares no site que está montando com o jornalista Glenn Greenwald.

O dinheiro será usado para montar os escritórios de Nova York, São Francisco e Washington. No total, Omidyar vai investir 250 milhões de dólares no site.

Notícias desta natureza – investimentos relevantes em novos empreendimentos – você só vai encontrar, daqui por diante, na mídia digital.

Consequentemente, os melhores jornalistas estarão — ou já estão — militando na internet.

Na mídia impressa – e nas demais mídias tradicionais, como TV e rádio – o noticiário será inteiramente dominado por fechamentos de títulos e dramáticos cortes de custos.

E nela permanecerão os jornalistas menos aptos a enfrentar as formidáveis mudanças trazidas pela internet.