Ivete Sangalo é o tipo de artista que provoca afeição imediata, mesmo naqueles que não ouvem a sua música. Bem-humorada, espontânea e simpaticíssima – perdemos as contas de quantas vezes ela fez piada no meio de um show ou entrevista.
A “bronca” no marido em um show na Bahia soou, para mim, como mais uma brincadeira irreverente, mais uma amostra do bom-humor afiado da cantora baiana:
“Quem é essa aí, papai? Tá cheia de assunto, hein? Conversando pra c*ralho! Vou chegar rumando!”
Não consegui levar a sério. Nem o próprio casal, aposto. Quase posso vê-los chegando em casa e rindo de toda a situação. Quase posso ver a própria Ivete se divertindo com os tablóides sensacionalistas, e depois deitando, despreocupada, na sua cama confortável com seu marido bom de papo, enquanto as pessoas se ocupam em conferir se a mulher com quem ele conversava era ou não bonita o suficiente.
Parem de especular a vida sexual do outro. Parem de associar sexo à fama e beleza como se fossem interdependentes. Parem de tentar determinar com quem o marido de Ivete Sangalo sairia, e se sairia – assim como cada um de nós, ela está sujeita à traição, mesmo com uma conta bancária gorda e um belíssimo par de pernas – mas isso não nos diz respeito, lembram?
Antes de servir-se da vida alheia a prato pleno, é importante que tiremos dela todas as lições possíveis. E a lição que o ciúme de Ivete nos deixou é triste, vazia, quase inacreditável: Nunca se perdeu essa mania de comparar as mulheres.
“A atual do seu ex se parece com você!” “Mas, olha, você é mais bonita. Não se preocupa não.” “Como o marido de Gisele foi trair uma mulher tão linda e rica com a babá?” “Até parece que Daniel Cady trocaria Ivete por uma mulherzinha daquelas.”
Nós não estamos interessadas em sermos comparadas com as atuais dos nossos ex ou as ex dos nossos atuais. Não estamos interessadas nessa promoção esdrúxula da rivalidade feminina. Ivete Sangalo provavelmente não está interessada em saber se nós achamos ou não que ela será traída – mesmo porque toda mulher o sabe, intimamente – e Gisele Bündchen provavelmente não quer ser comparada à sua babá, e vice-versa.
As relações femininas não são um picadeiro ou uma arena de gladiadores. Mulheres não são galos de briga e essa rivalidade não é divertida. Parem de tentar enfiar em nossas cabeças que precisamos competir e que o prêmio final é o amor de um homem.
Não funciona mais.