O ministro do STF, Dias Toffoli, rejeitou nesta quarta (7) um pedido do ex-procurador e agora também ex-deputado federal Deltan Dallagnol para suspender a decisão do TSE que cassou por unanimidade o seu mandato parlamentar.
Com isso vão se esgotando os últimos recursos possíveis (e inúteis) que poderiam dar alguma sobrevida ao que sobrou do outrora menino prodígio da Operação Lava Jato.
Hoje completamente desmoralizados, operação e operadores, o que o país inteiro vai assistindo é o princípio de um fim melancólico e desastroso daquilo que já restou provado como uma das maiores farsas jurídicas de toda a história brasileira.
Fim esse, inclusive, que vai forçando um brutal e inadiável confrontamento não só desse país com suas origens preconceituosas de classe que fizeram de um tudo para criminalizar e encarcerar um torneiro mecânico que ousou chegar ao mais alto cargo da república, mas também e como consequência de seus famosos justiceiros com a própria… justiça.
Desconsolado e com visíveis e severos sintomas de depressão, Dallagnol marcou seus últimos momentos no plenário da Câmara dos Deputados com uma espécie de ensaio fotográfico que aparentemente teve por intuito querer demonstrar o seu isolamento pessoal frente ao “terrível sistema político” que por fim o teria derrotado na sua cruzada santa contra a “corrupção brasileira”.
A realidade, porém, depõe contra o menino de faces rosadas e olhar perdido que se deslumbrou com o poder e quis subverter a ordem jurídica de todo um estado democrático de direito.
Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e toda o consórcio político-midiático-jurídico que se uniu no pior escândalo conjuntural de poderes constitucionais que já se viu por essas terras são, eles próprios, o mal que tanto diziam combater.
O que Dallagnol vem passando atualmente nada mais é do que o esforço de uma jovem e cambaleante democracia que vai tentando consertar os seus inúmeros erros nesse seu passado recente.
Dado o seu profundo estado de letargia, não dá para saber exatamente até que ponto o Robin da dupla com Moro está conseguindo entender a real gravidade da situação criminal em que se encontra, mas o fato é que se ele pensa de fato ter descido ao fundo do poço, logo descobrirá sob os seus pés a porta do alçapão.
Assiste de um lugar privilegiado um filme que retrata a ascensão e queda de um verdadeiro infame. Só parece não ter entendido inteiramente ainda o papel central que ocupa em toda a trama.
Não sei se serve exatamente de consolo, mas a despeito de sua atual solidão, seria de uma certa forma reconfortante ter ciência que logo terá a companhia dos seus na incorruptível lata de lixo da história.