Há dez anos, na madrugada de 21 de fevereiro de 2013, presos da maior facção do tráfico de São Paulo, o PCC, invadiram uma cela do pavilhão 2 da Penitenciária de Alcaçuz, do Rio Grande do Norte, e mataram a facadas Lindemberg de Melo e Souza, conhecido como Berg Neguinho. O assassinato de Berg mudou a história do crime organizado potiguar, como conta reportagem do jornal O Globo.
Antes de ser morto, Berg, que era integrante da quadrilha, havia matado um comparsa com quem se desentendeu durante uma tentativa de fuga. O crime ocorreu a quatro anos antes e, pelas regras do bando, “sangue se paga com sangue”.
Após o episódio, muitos comparsas não aceitaram a decisão da cúpula e romperam com a quadrilha. Nas semanas seguintes, os dissidentes se uniram para fundar, dentro de Alcaçuz, o Sindicato do Crime — facção por trás da onda de violência que aterrorizou o estado na semana passada. A nova facção, no entanto, foi constituída nos mesmos moldes da quadrilha paulista.
Logo depois do homicídio de Berg, a facção saiu dos presídios e se espalhou pelas periferias da Grande Natal e outras cidades.
“Nas cadeias, os criminosos passaram a dizer que não aceitariam ordens de outro estado, que quem mandava no Rio Grande do Norte era a facção local”, explica Juliana Melo, antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Atualmente, a facção potiguar detém o monopólio do tráfico de drogas no estado. Os rivais estão concentrados em Mossoró. O que está em jogo com a disputa, além do mercado interno, é também um ponto estratégico da rota do tráfico internacional.
Segundo investigação da Polícia Federal (PF), o Rio Grande do Norte recebe drogas que entram pelas fronteiras no Norte do país, passam por Acre, Rondônia e Amazonas, e são remetidas para a Europa.