Assessora que ajudou Cid no caso do Rolex trabalhou com Damares

Atualizado em 5 de agosto de 2023 às 8:44
O ex-ajudante de Ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e senadora Damares Alves (Republicanos-DF). Foto: reprodução

A ex-assessora do gabinete pessoal da Presidência, Maria Farani Rodrigues, foi a responsável por trocar mensagens com o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), Mauro Cid, com o intuito de vender o relógio da marca Rolex por US$ 60 mil (aproximadamente R$ 292 mil) em junho de 2022. Maria Farani trabalhou até junho deste ano no gabinete da senadora Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra do governo Bolsonaro.

Nos e-mails obtidos pela TV Globo, não fica evidente se o objeto mencionado pelos bolsonaristas é o mesmo relógio que o ex-presidente recebeu de presente na Arábia Saudita, mas a ex-assessora era a responsável pelas negociações com terceiros. Em resposta à emissora carioca, ela disse que, “a pedido de Mauro Cid, por falar inglês”, realizou “uma pesquisa na internet para identificar possíveis compradores”.

No e-mail que Maria Farani enviou à Cid, ela colou a mensagem de uma potencial compradora que demonstrou interesse em adquirir o relógio e que perguntou sobre o certificado de garantia original e o valor esperado por Mauro Cid pela peça. A compradora também mencionou que o mercado para relógios Rolex usados, especialmente aqueles cravejados de platina e diamante, estava em baixa.

“Olá, Mauro. Obrigada pelo interesse em vender o seu Rolex. Tentei falar com você por telefone, mas não consegui. Pode, por favor, me falar se você tem o certificado de garantia original do relógio? Quanto você espera receber por essa peça? O mercado para Rolex usados está em baixa, especialmente para relógios cravejados de platina e diamante (já que o valor é tão alto). Só queria me certificar de que estamos na mesma linha antes de fazermos muita pesquisa. Espero ouvir notícias suas”, diz a mensagem da eventual compradora.

Relógio obtido por Bolsonaro que Cid tentou vender. Foto: reprodução

Mauro Cid respondeu então que o relógio não tinha o certificado, pois teria sido um presente recebido em viagem oficial de negócios: “Olá. Nós não temos o certificado do relógio, já que foi um presente recebido em viagem oficial de negócios. O que temos é o selo verde de certificado superlativo, que acompanha o relógio. Além disso, posso certificar que o relógio nunca foi usado. Pretendo receber por volta de US$ 60 mil pela peça. Agradeço o retorno rápido. Mauro Cid”.

Em março deste ano, o Tribunal de Contas da União (TCU) emitiu uma determinação exigindo que o Jair Bolsonaro devolvesse um conjunto de joias masculinas recebidas da Arábia Saudita, que haviam entrado ilegalmente no Brasil sem declaração à Receita Federal. Além disso, o TCU também ordenou que o ex-presidente entregasse à Polícia Federal um fuzil e uma pistola, recebidos dos Emirados Árabes, bem como um conjunto de joias femininas, presenteadas pela Arábia Saudita, apreendidas pela Receita Federal.

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, também está sob investigação desde maio, quando foi preso. Ele é acusado de adulterar cartões de vacina, não só dele, mas também de sua família, do ex-presidente Bolsonaro e até mesmo da filha do ex-mandatário. Além disso, mensagens de teor golpista foram encontradas em seu celular, levantando preocupações sobre a possibilidade de envolvimento em atividades ilegais e anti-democráticas.

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