O ministro do Supremo Kassio Nunes Marques decidiu autorizar a realização de cultos e celebrações religiosas em todo o país no auge da pandemia.
Despachante de Bolsonaro, Kassio diz reconhecer que “o momento é de cautela, ante o contexto pandêmico que vivenciamos”.
“Ainda assim, e justamente por vivermos em momentos tão difíceis, mais se faz necessário reconhecer a essencialidade da atividade religiosa, responsável, entre outras funções, por conferir acolhimento e conforto espiritual”, afirma em seu despacho assassino e estúpido.
Ninguém pode rezar em casa, então? Deus só existe se for pela boca de um pastor picareta movido a dízimo? O que acontece com a fé dessas pessoas que elas precisam se aglomerar e morrer para deixar rico o pilantra no púlpito?
A decisão foi tomada em ação movida pela Associação Nacional de Juristas Evangélicos.
A Anajure conta com cerca de 700 membros e foi fundada em 2012 na Câmara dos Deputados. Entre os fundadores estava Damares Alves, hoje ministra.
Na ocasião, ela foi homenageada pelos “mais de 20 anos de atuação em favor de causas cristãs e do direito à vida e da família”.
De acordo com a Agência Pública, “a organização tem atuado de forma incisiva nas câmaras legislativas, colaborado em projetos de lei, ajudado a impedir votações, participado de audiências no STF – principalmente em pautas como a descriminalização do aborto e a criminalização da homofobia – e angariado aliados poderosos no governo”.
A instituição faz lobby para colocar evangélicos em cargos públicos, como Daniel Macedo na Defensoria Pública da União, DPU.
“Na sede em Brasília, a Anajure tem um sistema para monitorar as edições dos Diários Oficiais dos três poderes, as publicações de partidos e ‘movimentos sociais anticristãos’, cujos nomes a associação não revela”, revela a Piauí.
“O software vigia mais de seiscentos sites e produz relatórios diários. Sempre que o sistema detecta, por meio do uso de palavras-chave, uma ameaça aos valores cristãos ou interesses das igrejas, a equipe jurídica é acionada”.
O presidente da coisa é o advogado Uziel Santana, professor da Universidade Federal de Sergipe e frequentador da Igreja Presbiteriana de Aracaju.
Santana emplacou no Ministério da Educação Milton Ribeiro, ex-colega na Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Nos altos escalões ainda brilham Damares Alves, o general Luiz Eduardo Ramos, frequentador da Igreja Memorial Batista de Brasília, que assumiu a Secretaria de Governo, e André Mendonça, pastor da Igreja Presbiteriana Esperança de Brasília, ex- ministro da Justiça transferido para a AGU na semana passada.
A Advocacia Geral da União mudou de ideia nesse caso. No início era contra. Com Mendonça, ficou a favor.
Em 2007, Santana publicou artigos na imprensa sergipana contestando o projeto que criminalizava a homofobia, aprovado pela Câmara.
“O que eu sou contra é um pastor discriminar um casal gay específico. Mas se ele falar de modo amplo, genérico, eu entendo que isso faz parte da liberdade religiosa”, diz.
Como tudo o que é ruim sempre pode piorar, a Anajure vai indicar o substituto de Marco Aurélio Mello quando o decano se aposentar em julho.