Agredida pelo arquiteto bolsonarista Rodrigo Tondelo, a advogada Janaíra Ramos tenta conseguir com que seu agressor seja preso preventivamente. A advogada diz que ele está proibido por medida protetiva de fazer publicações nas redes sociais, mas que a determinação não está sendo cumprida.
“Ele já apresentou duas ou três gravações: para um grupo privado de amigos dele, apresentou uma versão e para outros, outra versão. Eu não estou abrindo essas gravações porque estamos levando para a polícia, porque ele está proibido por medida protetiva de fazer publicações. E eu quero ver se convertem a medida protetiva que eu tenho em preventiva dele”, contou Janaíra ao DCM.
Uma determinação do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul proibiu o bolsonarista de mencionar ou fazer postagens sobre a advogada nas redes sociais, além de não permitir a ele chegar a menos de 100 metros dela e entrar em sua casa ou seu escritório. O documento ainda diz que “o descumprimento das medidas cautelares impostas poderá ensejar a decretação de prisão preventiva”.
Mesmo assim, Tondelo segue usando seu perfil na rede social para atacar a advogada. Em uma das publicações sobre ela, o bolsonarista diz que deu apenas “um chute na bundinha” e apenas tocou no ombro dela. “Um chute na bundinha, antes de ir embora. Foi Tudo o que eu fiz. Está pessoa está mentindo. Quando eu toquei no ombro ela falou que eu tinha agredido. Mentiu sobre as ameaças e sobre a agressão. Será processada por calúnia e difamação. As câmeras de segurança vão mostrar a farsa” (sic), escreveu no Facebook.
Em outra publicação na rede social, Tondelo publicou uma foto de uma placa na fachada do escritório de Janaíra e afirmou que ela “está mentindo” sobre as agressões. Ele ainda pede para que seus seguidores não acreditem nela.
Apesar da versão do bolsonarista, a advogada diz que já fez um boletim de ocorrência contra ele, além de já ter feito um exame médico para analisar os ferimentos. Ela também fará um exame de corpo de delito na próxima segunda (28).
“Ele diz que só me deu ‘um chute na bundinha’. Olha o estado que está a minha perna e eu tenho um hematoma fora do braço que eu não sei se foi na hora que ele puxou o portão violentamente, porque ele me deixou presa fora do escritório”, relata a advogada.
“Foi tão violenta a ação dele que eu estou com um hematoma na perna e um inchaço que não regride. É inacreditável o que esse cara fez comigo. Ele está me chamando de mentirosa, diz que eu manipulo processo, diz que é evangélico e não me agrediu. Já apresentou três versões: uma na polícia de que ele só me deu um chute, outra que ele me deu um ‘chute na bundinha’ e a terceira é que ele nem me agrediu e que estou mentindo”, prossegue.
Veja imagens dos ferimentos:
Janaíra ainda questiona o motivo de o agressor não publicar registros da violência contra ela. “Por que ele não gravou isso? Quando ele estava me espancando, me dando um soco nas costas e me chutando”, afirma.
Segundo ela, antes do episódio o bolsonarista já vinha a atacando nas redes sociais e citando seu nome em publicações. Num post feito antes da agressão, ele publicou imagens de protestos golpistas em Casca (RS) com as hashtags “nazismo”, “antidemocrático”, “Janaina”, “bolsonaro” e “eleições”.
Apesar das agressões e das ameaças, a advogada diz que vai voltar a trabalhar normalmente. “Eu tô reduzida a pó, mas eu não vou me entregar. Vou voltar a trabalhar. Ele que faça o que acha que tem que fazer, ele não está acima da lei. Esses bolsonaristas não podem continuar ou eles invadem escolas e fazem o que fizeram no Espírito Santo hoje, é o que eles querem fazer com todos nós: eles querem cancelar, eles querem matar”, finaliza.
A agressão ocorreu na manhã da última quarta (23). Durante o episódio, ele a chamou de “vagabunda e vadia” e afirmou que “petista tem que morrer”. Janaíra teve seu nome incluído em uma lista de petistas que circulou nas redes sociais e teve seu escritório vandalizado por ter votado em Lula.
Ela denunciou que bolsonaristas sugeriram colocar a estrela vermelha do PT nos imóveis de eleitores de esquerda e a denúncia foi levada ao Ministério Público do Rio Grande do Sul, mas não se tornou inquérito.