Aliados do governo Lula veem uma oportunidade para indiciar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por quatro possíveis crimes após as acusações levantadas por Walter Delgatti Netto, o hacker da Vaza Jato, na última quinta-feira (17), em depoimento à CPI de 8 de Janeiro.
As penas, somadas, podem resultar em até 18 anos de prisão do ex-mandatário, segundo mapeamento feito por deputados e senadores. A informação é da colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo.
Bolsonaro pode ser enquadrado nos crimes de golpe de Estado, por conta da simulação de fraude nas urnas para desestabilizar as últimas eleições, com pena de quatro a 12 anos de prisão.
Já as suspeitas de grampos clandestinos em conversas com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), levantaram a possibilidade de um indiciamento por escuta telefônica ilegal, com pena de dois a quatro anos.
Por conta da suposta sugestão do ex-chefe do Executivo para que o hacker assumisse falsamente a autoria do grampo contra Moraes, ele também poderia ser indiciado por participação no crime de autoacusação falsa (artigo 314 do Código Penal), com pena de três meses a dois anos.
O quarto crime identificado por congressistas lulistas é a promessa de indulto a Delgatti e a sinalização da prisão de juízes que agissem contra o próprio hacker. Isso levantou a possibilidade de Bolsonaro ser considerado coautor, por indução, no delito de incitação ao crime, cuja pena varia de três a seis meses de detenção.
Para a relatora da CPI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), o depoimento de Delgatti dá “fortes condições de ao final termos o indiciamento do ex-presidente Bolsonaro”. Já na avaliação de governistas, as declarações do hacker “aprofundaram o desgaste político” do ex-capitão.