O suspeito de abrir fogo contra fiéis em uma sinagoga de San Diego, nos EUA, publicou um manifesto on-line culpando o “marxismo cultural”, bicho papão usado nos círculos de extrema direita mundial, inclusive do governo Bolsonaro.
O atirador, identificado como John T. Earnest pela polícia, matou uma mulher e feriu outras três pessoas, incluindo um rabino baleado na mão.
No momento, ocorria um culto no local — o sábado foi o último dia do Pessach.
O documento está repleto de tópicos caros aos racistas da teoria da supremacia branca, diz o Independent.
O sujeito homenageou na carta os assassinos que atuaram nos atentados na Nova Zelândia e em Pittsburgh.
Em uma lista incoerente de razões por que ele odeia judeus, responsabiliza-os por seu “papel no marxismo cultural”, por “empurrar propaganda degenerada na forma de entretenimento ”, pelo “feminismo que escravizou as mulheres no pecado” e por “promover a mistura racial”.
Essa teria conspiratória idiota foi invocada pelo terrorista Anders Breivik, que matou 77 pessoas na Noruega em 2011.
Num famoso artigo intitulado “Trump e o Ocidente”, publicado em seu blog, o chanceler Ernesto Araújo escreveu que o presidente dos EUA estava salvando a civilização do “marxismo cultural globalista” ao defender a “identidade nacional, os valores familiares e a fé cristã, enquanto a Europa não o faz”.
Em sua posse, declarou que quer acabar o “marxismo cultural” e a “ideologia de gênero” nas escolas.
“O marxismo cultural é uma coisa que faz mal para a saúde. A saúde da mente, do corpo e da alma. Porque secciona o ser humano, o torna massa, o torna coisa”, falou.
O novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, também acredita nisso, bem como o assessor da Presidência, Filipe Martins, que recentemente postou em suas redes o mesmo poema divulgado pelo matador de Christchurch.
O mentor de todos eles, como se sabe, é Olavo de Carvalho, obcecado por essa tese desde que ela era apenas um brilho nos olhos de todo neonazista amador.