Publicado originalmente no RFI
Cerca de 20 ativistas do Greenpeace França foram protestar na manhã desta quinta-feira (26) em frente à residência do embaixador brasileiro enquanto acontecia uma reunião entre o ministro do Meio Ambiente brasileiro, Ricardo Salles, e executivos de grandes empresas francesas, incluindo a petrolífera Total.
Os ativistas exibiram uma faixa com a mensagem “Bolsonaro – assassino da Amazônia”. Segundo o Greenpeace, o grupo enviou cerca de cem alarmes sonoros ao pátio interior da residência, “uma maneira de lembrar o Ministro do Meio Ambiente do Brasil de que sua inação climática não passará despercebida até que sejam tomadas medidas concretas do governo brasileiro para limitar o desmatamento e seu impacto nas mudanças climáticas”.
Além disso, um veículo exibindo uma visão dos incêndios na Amazônia foi posicionado em frente à entrada da residência e dificultou o acesso a ela.
“Hoje estamos testemunhando um contra-ataque do governo brasileiro, que está tentando aliviar as tensões corretamente levantadas pelos incêndios na Amazônia. Ao enviar seu ministro do Meio Ambiente em turnê para conhecer as grandes empresas, Jair Bolsonaro tenta preservar as relações comerciais de seu país e melhorar a imagem do governo brasileiro, mas não engana ninguém “, afirmou Suzanne Dalle, especialista em agricultura do Greenpeace França.
Paris é a primeira parada de Ricardo Salles, que está iniciando uma turnê pela Europa hoje para promover seu governo e a ação de Jair Bolsonaro, depois de passar pelos Estados Unidos.
“Esta cruzada do governo brasileiro, que se pretende defensor da biodiversidade, não é absolutamente credível. Desde que assumiu o cargo, o governo de Jair Bolsonaro vem trabalhando duro para desmantelar as políticas ambientais. Em 2019, o orçamento alocado ao Ministério do Meio Ambiente foi reduzido em 96% em relação a 2018. Resultado: o número de incêndios subiu 145% em 2019”, insiste Suzanne Dalle.
“Durante seu discurso na abertura da Assembleia Geral da ONU, Jair Bolsonaro disse que a Amazônia ainda estava quase intacta, uma mentira combatida pelo Greenpeace Brasil, que sobrevoou a semana passada o norte do país para identificar as áreas desmatadas do território, uma observação avassaladora apoiada por imagens de satélite”, escreveu o Greenpreace França em um comunicado para a imprensa.
“Estamos aqui hoje para denunciar a política do governo brasileiro, mas a França também é cúmplice desta política incendiária, ao não tomar medidas concretas para proibir a chegada de matérias-primas que contribuíram para o desmatamento”, completa Suzanne Dalle.