Entre 2012 e 2022, o Brasil registrou 48.289 mulheres assassinadas, conforme dados do Atlas da Violência divulgado na última terça-feira (18/6). Apenas em 2022, 3.806 mulheres foram mortas, representando uma taxa de 3,5 homicídios por 100 mil mulheres.
Esses números se tornam ainda mais preocupantes ao analisar a localização dos crimes e as desigualdades raciais entre as vítimas. Segundo o estudo, uma característica chave para entender a violência letal contra mulheres é o local onde ocorrem as mortes. A maioria dos homicídios acontece em residências e são cometidos por conhecidos das vítimas.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública indica que cerca de 70% dos feminicídios foram cometidos em casa. Em 2022, 34,5% dos homicídios de mulheres ocorreram em domicílios, totalizando 1.313 vítimas. Para homens, a maioria dos homicídios ocorre na rua ou estrada, com apenas 12,7% dentro no interior de suas residências em 2022.
Esse percentual é próximo ao dos feminicídios, que atingiu 36,6%. O estudo utiliza o termo “homicídios de mulheres” em vez de feminicídio, pois os dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) não distinguem entre os dois.
A análise regional mostra variações significativas entre estados. Em 2022, 13 estados reduziram suas taxas de homicídio feminino, com Tocantins (-24,5%), Distrito Federal (-24,1%) e Acre (-20,3%) liderando.
Em contrapartida, 12 estados tiveram aumentos alarmantes, como Roraima (52,9%), Mato Grosso (31,9%) e Paraná (20,6%). Roraima (10,4), Rondônia (7,2) e Mato Grosso (6,2) tiveram as piores taxas de homicídios femininos em 2022, por 100 mil habitantes.
A Amazônia Legal registra índices de violência 54% superiores à média nacional. Em 2022, mulheres negras representaram 66,4% das vítimas de homicídios femininos, totalizando 2.526 mortes.
A taxa de homicídio para mulheres negras foi de 4,2 por 100 mil habitantes, comparada a 2,5 para mulheres não negras. A probabilidade de homicídio é 1,7 vezes maior para mulheres afrodescendentes.
No Nordeste, essa probabilidade pode ser até duas vezes maior; em Alagoas, é 7,1 vezes maior. Outros estados com altas chances incluem Ceará (72,2% maior), Rio Grande do Norte (64%), Sergipe (62,9%) e Maranhão (61,5%).
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