O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), há seis meses no cargo, tentou equilibrar forças durante sua gestão entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o Planalto e o Judiciário. No entanto, após o afastamento de ambos ontem, ficou evidente que a relação dos dois está em crise.
Tarcísio foi vaiado em reunião do PL, partido do ex-mandatário, após ser interrompido por Bolsonaro. O ex-capitão e o seu entorno não aceitaram a posição do ex-ministro em favor da reforma tributária. Além disso, a entrevista em que o governador apareceu amistosamente ao lado de Fernando Haddad, na última quarta-feira (5), também desagradou Bolsonaro.
Ontem, o entorno de Bolsonaro também passou a falar que “Tarcísio é o novo Doria”, ou seja, um “traidor”. Em fevereiro, bolsonaristas já tinham ficado incomodados com Tarcísio por ele ter aparecido ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em viagem ao litoral norte de São Paulo, após enchentes na região.
Vale destacar que Tarcísio e Valdemar Costa Neto não são próximos, mas Republicanos e PL negociaram posições estratégicas na Câmara dos Deputados e na Alesp. O deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP) teve apoio do PL para ocupar 1ª vice-presidência em Brasília. Em troca, a legenda de Tarcísio apoiou André do Prado (PL) para presidente da assembleia paulista.
A montagem do primeiro escalão do governo de Tarcísio também deu o que falar, uma vez que bolsonaristas e suas indicações políticas não foram privilegiados. Aliados de Bolsonaro reclamaram que Tarcísio ignorou e se negou a dar cargos a indicados por eles.
Como governador de São Paulo, Tarcísio se encontrou com quase todos os ministros do STF, alvo constante de Bolsonaro. A agenda oficial registrou reuniões com oito dos dez ministros: Alexandre de Moraes, André Mendonça, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Luiz Fux, Luís Roberto Barroso e Nunes Marques. Apenas Rosa Weber e Edson Facchin não foram visitados.