Temos finalmente a imagem simbólica do que pode ser o começo do resgate da bandeira raptada pelos fascistas desde muito antes do golpe de agosto de 2016.
Que o Brasil reconheça e se inspire na coragem da atriz de teatro Ana Luiza Bergmann, agredida ontem por um grupo de golpistas reunidos diante do QG do Exército, no centro de Porto Alegre.
Também é simbólico que o protesto da atriz tenha ocorrido do outro lado da rua, na Igreja Nossa Senhora das Dores dos católicos de resistências históricas contra o autoritarismo.
Os golpistas tentaram se aproximar da calçada dos militares, que talvez nem queiram nada com eles. A maioria talvez não queira.
Ana Luiza buscou proteção na entrada da igreja da mãe de Cristo, outro sequestrado pela extrema direita. Lá do alto da mureta, ficou a observá-los.
Uma mulher foi lá, sem a proteção de machos, nua, protegida apenas pela bandeira, e enfrentou o fascismo que se diverte batendo em mulheres.
Ela e outros manifestantes foram corridos da aglomeração armada pelos golpistas. Uma menina levou um soco no rosto. Mas ela já havia cumprido sua missão.
Uma mulher destemida, uma atriz de teatro. É a arte que volta a resistir nas ruas da pandemia.
Fico feliz que a imagem tenha sido captada pela câmera do meu amigo de empreitadas do jornalismo Jefferson Botega, de Zero Hora. Que corra mundo.
(A primeira versão desse texto não tinha o nome da atriz. Eu decidi omitir, porque o dia seguinte pode ser o mais terrível. Mas Ana Luiza permitiu que seja publicado)