Nos próximos dias, o Senado vai promover uma sessão de debate sobre as causas e os efeitos da guerra entre Rússia e Ucrânia. A audiência pública já preocupa a cúpula do Itamaraty.
O requerimento para o debate, de iniciativa da senadora Rose de Freitas (MDB-ES) e apoiado por outros senadores, foi aprovado na sessão da última terça-feira (8). Também foram convidados o embaixador da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, e o chanceler Carlos França.
O receio é que França seja cobrado pelo posicionamento brasileiro no conflito e se veja no meio de um uso político-eleitoral da guerra. Nesta semana, a assessoria parlamentar do Itamaraty sondou gabinetes de senadores para tentar mapear quais serão os questionamentos feitos ao chanceler. O Senado ainda não marcou a audiência, que será no plenário.
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Itamaraty dividido
Com o desenrolar dos conflitos entre Rússia e Ucrânia que já atingem o oitavo dia, diplomatas brasileiros do Itamaraty têm se dividido sobre a posição adotada pelo governo Bolsonaro em relação à guerra da Ucrânia.
Nos gabinetes do chanceler, Carlos França, e do embaixador do Brasil na ONU, Ronaldo Costa Filho, o posicionamento é considerado correto, sob o argumento de que o país deve ser “realista e priorizar os interesses estratégicos do Brasil”. Caso Bolsonaro se posicionasse contra a Rússia, França e Costa Filho avaliam que o Brasil perderia a “capacidade de mediar”.
Em contrapartida, os críticos à postura brasileira defendem que o país deve abandonar a imparcialidade e defender um país em detrimento de outro. Para eles, o Brasil não tem capacidade de mediar um conflito desse tamanho, ainda mais com a estatura que tem hoje no cenário internacional.