Assassinado há um mês na região do Vale do Javari (AM), junto com o jornalista britânico Dom Phillips, o indigenista Bruno Pereira enviou à ONG Survival Brasil uma mensagem de voz em que alertava sobre o aumento da violência no local.
No áudio, enviado há alguns meses, ele afirma que “tem muita coisa acontecendo” na região e que “o garimpo está violento novamente no entorno da Terra Indígena”.
“É perseguição, é tentativa de intimidar. Não sou só eu que tô tomando essas e tem muita gente junto nessa. Mas tudo isso vai passar, eu espero. Já são quase quatro anos muito intensos e estou nessa, na resistência. Mas faz parte de toda a luta, né? Vamos ver o que a gente reconstrói depois”, afirmou.
Ouça:
Um mês do assassinato de Bruno e Dom. Há alguns meses, Bruno nos disse nesse áudio: “Tudo isso vai passar, eu espero”. Seguimos lutando para que esse período nefasto passe #PareOGenocídio, os povos indígenas e seus apoiadores sejam respeitados, e #JustiçaParaBrunoEDom seja feita. pic.twitter.com/KyZOgcZggH
— Survival Brasil (@SurvivalBrasil) July 5, 2022
Bruno Pereira denunciou pescadores do Vale do Javari: “Estão atirando na equipe”
Em outro áudio, disponibilizado pela TV Globo, Bruno Pereira denunciou em maio os pescadores do Vale Javari, que atiravam contra equipes de fiscalização na região.
No conteúdo, o indigenista fala sobre uma reunião que ocorreria dia 3 de junho na Comunidade São Rafael, onde Dom Phillips e Bruno estiveram no dia em que desapareceram. O encontro tinha o objetivo de impedir o avanço da pesca ilegal de pirarucu na terra indígena.
“A gente está preparando uma reunião, uma articulação para a Câmara de Vereadores e a Prefeitura [de Atalaia do Norte] na Comunidade São Rafael. […] Os maiores e grandes invasores da terra indígena aí. Eles vão perder o manejo do pirarucu que demorou 10 anos para eles tirarem”, denunciou Bruno.
De acordo com ele, os pescadores ilegais atiraram contra equipes de fiscalização.
“São esses caras que estão atirando na equipe, esses caras que atiraram na base. Não só do São Rafael, [do] São Gabriel, os carinhas de Benjamin [Constant] e outros de Atalaia [do Norte]”.