Por Fernando Brito
Jair Bolsonaro vai ter de enfrentar o velho provérbio português: “quem dá e toma vira corcunda”.
Mandou, no último dia do prazo legal, a proposta de Orçamento da União sem incluir nela a manutenção do aumento do “Auxílio Brasil”, seu principal estratagema para conseguir o voto dos mais pobres, com a desculpa de que o fará se e quando for votada uma emenda constitucional que quebre o “teto de gastos”.
É a versão 2.2 da botina dos coronéis do interior, na qual dava-se um pé do calçado e e outro, só depois da eleição.
Porque, nem com os atropelos já usuais, há tempo para aprová-la antes do pleito. Depois é uma história na base do “acredite se quiser”.
Lembra Bruno Boghossian, na Folha, que “só na primeira semana de propaganda eleitoral, a campanha de Jair Bolsonaro mandou veicular 21 vezes em cada emissora de rádio a promessa de manter o Auxílio Brasil em R$ 600 no ano que vem”, fora as três vezes que disse isso no debate da Band.
A esta altura, as outras campanhas já estão produzindo peças com as promessas presidenciais e as manchetes que as desmentem. Aliás, Lula tem sua própria fala, no debate da Band, dizendo que o aumento não estava garantido e que “existe uma mentira no ar”.
Agora, a mentira saiu no Diário Oficial.