Os números do DataFolha são um enorme alento em dias muito difíceis para o país. Bolsonaro desaba e o cenário econômico se deteriora rapidamente (a possível crise no abastecimento de diesel, algo inédito em nossa História, impactará ainda mais a vida dos brasileiros, entre outras consequências do caos liberal).
Apesar de tudo, as eleições não estão ganhas. A extrema-direita continental já deu demonstrações no golpe da Bolívia (2019) de que não age dentro das regras institucionais. Eles possivelmente estão estudando a tática (de guerra) a seguir diante do cenário brasileiro.
A chacina de vila Cruzeiro é um aperitivo de naturalização da morte na socedade, com claras decorrências na disputa eleitoral. Alia-se a isso o impedimento de uma palestra de Luís Fux no Rio Grande do Sul, que contou com a proverbial covardia do presidente do STF. Os dois eventos são evidências de que os partidários da barbárie vão colocar o pé na porta diante da ascensão firme de Lula.
Os números são nossa força, mas também podem resultar em fraqueza. Uma virada de mesa com brutalidade só será impedida com organização e mobilização popular. Não há ainda uma “campanha Lula” articulada para além das corretas e hábeis movimentações do ex-presidente junto a aliados e a direção de movimentos sociais.
É hora de intensificarmos a criação de um clima de campanha militante na base da sociedade, com disputa de opiniões e votos. É a única maneira de não sermos surpreendidos pelo sadismo social de Bolsonaro, da canalha fardada que o rodeia e do milicianismo incrrustrado no aparelho de Estado. (Vale a pena olhar para as eleições colombianas e ver com essa gentalha age).
O uso do salto alto não é indumentária adequada daqui para a frente. Pelo menos me parece.
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