Publicado originalmente no RFI
A Itália anunciou nesta sexta-feira (18) que os passageiros provenientes do Reino Unido terão que passar por um teste anti-Covid e observar uma quarentena de cinco dias na chegada ao país, explicou o ministro da Saúde italiano, Roberto Speranza, no Facebook. Ele também estendeu a proibição de entrada em território nacional para viajantes da Índia, Bangladesh e Sri Lanka.
Neste verão, a Itália espera uma afluência de visitantes 20% superior à do ano passado, para relançar seu setor de turismo, que representa quase 14% do PIB e foi muito afetado pela pandemia de Covid-19. No entanto, o aumento de casos da variante Delta em países vizinhos começa a preocupar seriamente as autoridades italianas.
O Reino Unido cancelou nesta sexta-feira o tradicional carnaval de Notting Hill, que estava programado para o fim de agosto. As autoridades preferiram adotar cautela ante o avanço da variante Delta, entre 40% e 80% mais contagiosa do que a Alpha, detectada em solo britânico e dominante até agora.
Na quinta-feira (17), Reino Unido ultrapassou a marca simbólica de 10 mil novos casos da infecção viral em 24 horas, com 11.007 diagnósticos positivos, o que não acontecia desde fevereiro.
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, declarou hoje que sua prioridade é a “saúde pública”, mais do que manter as semifinais e a final do Eurocopa em Wembley. A UEFA está considerando transferir esses jogos para Budapeste.
Restrições entram em vigor em Lisboa
Portugal também enfrenta um aumento de casos da doença, o que levou o governo a proibir entradas e saídas de pessoas da área metropolitana de Lisboa neste fim de semana. A proibição entrou em vigor hoje, às 15h no horário de Lisboa, 11h em Brasília.
A capital portuguesa já ultrapassou os 240 casos de Covid-19 por 100 mil habitantes. Os casos não pararam de crescer no país desde a final da Liga dos Campeões, entre o Chelsea e o Manchester City. O jogo, no início de junho, levou milhares de torcedores britânicos ao Porto para assistir a disputa.
“Aparentemente, [existe] uma prevalência maior da variante Delta em Lisboa e também na região do Alentejo”, afirmou a ministra Mariana Vieira da Silva na quinta-feira. As autoridades aguardam o sequenciamento genético de testes positivos para o vírus, para ter um balanço mais preciso sobre a incidência da variante Delta nas novas contaminações.
Alerta vermelho na Rússia
Mas é na Rússia que a situação parece crítica. Quase 90% dos casos diagnosticados na capital russa são da variante Delta, o que obrigou as autoridades municipais a adotarem medidas restritivas para os eventos públicos – entre elas, o fechamento de uma área para torcedores da Eurocopa.
Em Moscou, foram registrados 9.056 novos casos de Covid-19 em 24 horas, um recorde desde o início da epidemia e o triplo do nível registrado há menos de duas semanas.
“Segundo os últimos dados que recebemos, 89,3% dos pacientes estão infectados por um coronavírus que sofreu mutação, denominado Delta, a variante indiana. É mais agressivo, se propaga mais rápido”, afirmou o prefeito moscovita, Serguei Sobianin.
Com 17.262 contágios diários em todo país, a Rússia está no ponto mais elevado de casos desde 1º de fevereiro, de acordo com estatísticas do governo publicadas nesta sexta-feira. O país registrou 453 novas mortes, o maior número desde 18 de março. Moscou teve 78 óbitos pela Covid-19, ainda de acordo com informações divulgadas pelo governo russo.
O aumento de infecções é atribuído a uma campanha de vacinação muito lenta, devido à desconfiança dos russos em relação à vacina desenvolvida no país, assim como à ausência de restrições há vários meses, ao surgimento de variantes mais contagiosas e ao descumprimento das regras de distanciamento social e do uso de máscara. Em Moscou, apenas 1,8 milhão de pessoas receberam ao menos uma dose de imunizante, de uma população de entre 12 e 13 milhões de habitantes.
Na quinta-feira (17), a Rússia se tornou o país com mais mortes da Europa, com 128.445 vítimas fatais, segundo o governo.
Espanha anuncia abandono de máscaras ao ar livre
Esta alta de casos da variante Delta acontece simultaneamente a um relaxamento de medidas restritivas em alguns países do continente. Depois da França, o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sanchez, anunciou hoje que os espanhóis poderão deixar de usar máscara ao ar livre a partir de 26 de junho.
O ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, pediu vigilância aos cidadãos do país pelo temor de que a variante Delta, acabe se tornando a de maior prevalência na Alemanha. “A questão não é ‘se’, mas ‘quando’ a variante Delta será a dominante”, disse Jens Spahn nesta sexta-feira.
Diante desta cepa mais contagiosa, cujo avanço no mundo é preocupante, as vacinas são menos eficazes, mas a proteção contra a doença continua sendo importante, desde que as duas doses sejam aplicadas.