Os Estados Unidos da América estão pensando mesmo na instalação de uma base militar no Brasil, numa demonstração de que a declaração de Jair Bolsonaro sobre o assunto não é mera bravata.
Em entrevista à Eliane Cantanhede, do Estadão, o secretário de Estado Mike Pompeo falou sobre a oferta do capitão-presidente:
Isso é algo que estamos constantemente avaliando aqui nos EUA: qual a melhor forma de ter bons parceiros na região, bons parceiros ao redor do mundo, e onde, quando e como instalar nossas “US forces”. Essa é uma discussão colocada o tempo todo, e nós ficamos satisfeitos com a oferta do presidente Bolsonaro. Eu estou confiante de que vamos continuar as discussões sobre todo um conjunto de temas com o Brasil, enquanto o novo governo vai colocando seus pés no chão. Isso é algo que nós estamos desejando muitíssimo.
Ele falou também sobre um acordo que permitirá aos Estados Unidos lançar satélites a partir da base de Alcântara, o melhor lugar do mundo para esse tipo de atividade.
Nós temos muito interesse nessa questão e o Departamento de Estado está negociando esse acordo de salvaguardas tecnológicas com o Brasil, que liberará licenças para lançamentos de veículos espaciais e satélites dos EUA a partir da Base de Alcântara. Estou muito esperançoso de que iremos progredir também nesse tema.
Ao mesmo tempo, Mike Pompeo falou sobre uma aliança com o Brasil sob administração de Bolsonaro para enfrentar a Venezuela — não falou em confronto armado, mas é só juntar as peças da sua fala para montar o quebra-cabeças. Disse ele:
Não vou abrir o que conversamos privadamente, mas o chanceler e eu, de fato, falamos sobre a importância da restauração da democracia para o povo venezuelano e sobre a decisão da Assembleia Nacional no dia 10 janeiro – minha nossa! a menos de uma semana. O regime Maduro reivindica ocupar a Venezuela por mais um mandato, mas nós não consideramos que a eleição foi justa, achamos que foi uma farsa. Portanto, queremos ter certeza de que não só EUA e Brasil, mas os demais países da região deixem muito, muito claro que isso é inaceitável e que a democracia tem de ser restaurada. Há várias coisas que podem ser feitas e eu espero trabalhar com o nosso novo parceiro aí no Brasil em cada uma delas.
É importante ter no horizonte que a indústria de armas nos Estados Unidos deu um salto gigantesco em termos de faturamento com o governo de Donald Trump.
Conflito, para essa indústria, significa riqueza.
Foi assim que grande parte da África começou a ser destruída e, em razão disso, é pilhada com mais facilidade.