Publicado originalmente no perfil de Facebook do autor
POR LUIS FELIPE MIGUEL, cientista político
Esses dias, rompi um jejum de meses de Twitter. Em minha defesa, devo alegar que o gato estava dormindo no meu colo, então não podia me mexer e me entretive mexendo no celular.
Gastei uns bons 40 minutos no “microblog”, como a imprensa gosta de dizer, e até quebrei minha regra de não postar mais nada.
Gente, aquilo lá é ainda pior do que aqui!
Estamos batendo nos 1500 mortos diários, a miséria em alta, a Câmara aprovou que o BC existe oficialmente só para servir aos banqueiros, a entrevista do Villas Boas confirma que o generalato é mesmo golpista, as revelações das conversas hackeadas dos procuradores são cada vez mais assombrosas, os quatro cavaleiros do apocalipse galopam pelo país…
Mas o grosso da energia da esquerda no Twitter – tinha colocado “esquerda” entre aspas, mas depois tirei, porque, queiramos ou não, é esquerda mesmo – está voltada, é claro, para o BBB.
Há exceções, claro. Mas o volume de mensagens pautadas pelo programa da Globo é impressionante.
E, em segundo lugar, aparece uma treta inacreditável porque alguém veio com a regra de que “revolucionário tem que ser marombado”.
Li algumas considerações até bastante pertinentes sobre o assunto, mas a questão principal é: só porque alguém solta uma asneira ela tem que se tornar tema de debate?
Não é mais saudável simplesmente ignorar e seguir em frente?
Esta é, segundo os especialistas, uma das táticas da direita: criar polêmicas estéreis para consumir nossa energia. Mas, pelo jeito, a direita já é dispensável. A esquerda anda autossuficiente nesse quesito.