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É impossível prever, mesmo como brincadeira de bêbados, o que o mundo dos Bolsonaros – o pai, os filhos, os milicianos, os amigos e os ex-amigos – pode produzir de esdrúxulo ou assombroso nos próximos dias.
O imponderável, no mundo dos Bolsonaros, não é apenas imponderável. Morrem mais ex-aliados no mundo dos Bolsonaros do que portadores do coronavírus em todo o Brasil.
Os Bolsonaros são hospedeiros da desesperança e da morte. Esta semana, conseguiram a façanha da suspeita de que teriam contaminado Trump. A comitiva dos Bolsonaros saiu na capa do New York Times como uma ameaça contagiosa ao homem mais poderoso do mundo.
E ainda foram acusados de transmitir notícia falsa a uma emissora da direita. Um Bolsonaro é capaz de ser entrevistado por uma emissora de TV americana para dizer que não disse o que a emissora garante que ele disse horas antes. E a emissora sacaneada por Eduardo Bolsonaro é a poderosa Fox, amiga deles.
No Brasil, o imponderável nos apresenta Bolsonaro num dia desqualificando o coronavírus, e no outro dia seu secretário de Comunicação adoece. E no dia seguinte o próprio Bolsonaro aparece com máscara por causa de um possível contágio pelo coronavírus.
De Miami, o prefeito da cidade manda dizer que foi contaminado pela peste depois de encontro com a comitiva de Bolsonaro que esteve na Flórida. Os Bolsonaros já estão consagrados como espalhadores de doença.
Mas Bolsonaro já não é visto como presidente. Nem pelos que votaram nele. Os que o apoiam sabem que continua cumprindo a missão de ser o antiPT, o anticomunista, antigay, mas não comanda nem lidera nada. O mercado financeiro também sabe.
Bolsonaro virou um traste do fascismo sob a proteção de um grupo de militares. Ninguém quer saber o que Bolsonaro pensa do desastre da economia, da queima de reservas, da explosão do dólar, do desemprego e do fato de que Rodrigo Maia é que governa.
Racionalmente, não importa o que Bolsonaro pensa de qualquer assunto, muito menos do coronavírus. O que interessa é ver sua performance, como curiosidade, e tirar algum proveito do grotesco do fato produzido.
Mas o imponderável pode fazer com que a semana que vem não seja dos Bolsonaros, mas de Paulo Guedes. A estranha morte de Gustavo Bebianno já fechou a quota de Bolsonaro pelos próximos dias.
Pode ser a vez de Guedes. Nunca, desde que assumiu, a aparência de Guedes foi tão depressiva. Guedes já não tem mais do que dizer, porque já pediu o AI-5, já falou mal das domésticas e já comemorou o aumento do PIB de 1,1%. Agora, diz que o Brasil tem “dinâmica econômica”.
Se alguém ligar a TV neste momento, Guedes estará repetindo que o Brasil tem dinâmica econômica. Que a prosperidade muitas vezes é impalpável.
Poderá ser dele o próximo imponderável. Não será mais, por um bom tempo, de Damares, de Araújo ou de Weintraub. Há muito tempo não é de Carluxo, com seu repertório infantil e manjado.
Se o imponderável do mundo dos Bolsonaros matou Gustavo Bebianno na mesma data do assassinato de Marielle, o que o pode estar preparando para mostrar ainda antes da Páscoa? É a vez de Paulo Guedes.