O professor Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, economista e professor brasileiro, falou sobre a possibilidade de Luiza Trajano ser vice de Lula.
DCM: A repetição de uma chapa como a de 2002, com um líder dos trabalhadores e uma líder empresarial, seria um bom começo para promover a reconciliação e pacificação do país?
Belluzzo: Seria uma estratégia que reconheceria a imperiosa necessidade de juntar as forças sociais interessadas em recompor as estruturas econômicas dilacerada por políticas econômicas fundadas em hipóteses irrealistas.
Seria um gesto importante para sinalizar a reconciliação da economia de mercado capitalista com as carências e necessidades dos homens e mulheres que circulam nas cidades e nos campos.
A experiência histórica demonstra que isso só é possível mediante a ação política. Não espanta que as manobras do liberalismo autoritário e excludente tenham o propósito de desvalorizar a ação política perante os cidadãos. Lula sabe disso como poucos.
O nome de Luiza Trajano seria o mais adequado considerando o momento político?
Ela tem revelado grande sensibilidade social. Seus trabalhos em seu magazine apontam para uma empresária que me faz lembrar de grandes empresários brasileiros comprometidos com os destinos do país. Conheci muitos deles no Forum Gazeta Mercantil. Todos sabiam que seus negócios não iriam prosperar sem cuidados com aqueles que os serviam, o trabalhadores e suas famílias.
Seria interessante recordar o Documento dos Oito publicado em 1978. Entre eles estavam Claudio Bardella, Antonio Ermírio de Moraes, Paulo Velhinho sempre muito preocupado com os destinos da industria brasileira.
Vou citar um trecho: “Desejamos exprimir nossa concepção sobre os rumos do desenvolvimento econômico, fundado na justiça social e amparado por instituições políticas democráticas, convencidos de que estes são, no essencial, os anseios mais gerais da sociedade brasileira. Se, porventura, as opiniões aqui expressas servirem de alguma forma para delinear os caminhos do futuro, acreditamos ter dado, ainda que modestamente, nossa contribuição de cidadãos atuantes.”
Ela vem negando sistematicamente a candidatura. O senhor enxerga outras lideranças empresariais com características similares às dela ou de José Alencar, com quem Lula fez parceria em seus dois mandatos?
A despeito do encolhimento do empresariado brasileiro, temos, sim, empresários com visões da sociedade e da economia que escapam às vulgaridades defendidas pelos mercados financeiros, já reconhecidos mundo afora desfuncionais e danosos para o desempenho da economia da renda e do emprego. Muitos deles estão no IEDI, na ABDIB ou até mesmo na Fiesp, como José Ricardo Roriz Coelho.