Originalmente publicado em REDE BRASIL ATUAL
Em encontro da série on-line República e Democracia: o futuro não espera, transmitida nesta sexta-feira (12), a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) defendeu a necessidade de união dos setores democráticos e de diálogo com a população para enfrentar o governo extremista de Jair Bolsonaro. Segundo ela, a centro-esquerda precisa conversar com movimentos sociais e também com a população não politizada.
“Deixamos de dialogar com o povo, que foi catequizado e foi para a direita extremada”, disse Benedita, em referência à cooptação, pelas igrejas evangélicas, da população, especialmente a das regiões periféricas urbanas. “Precisamos chegar a essas pessoas. A direita extremada se aproximou e ofereceu o que as pessoas estavam procurando. Encontraram respaldo, mas os chefes estavam trabalhando numa concepção de ocupação de poder”, acrescentou.
“Pontos mínimos de unidade”
A proposta do debate, segundo o mediador, o ex-governador do Rio Grande do Sul Tarso Genro, foi discutir formas de enfrentamento ao governo “protofascista e negacionista” e “pontos mínimos de unidade para enfrentar o fascismo”.
De acordo com Benedita, é preciso procurar, além da população evangélica, os católicos e fiéis de outras religiões. Além disso, ela defendeu diálogo com representantes da esquerda e da centro esquerda. “Não tem salvação se não tiver unidade”, alertou. “Precisamos estar juntos.”
Porém, a deputada não se opõe à movimentação da esquerda no sentido de pré-lançar candidatos para 2022. “As candidaturas colocadas até agora não vão inviabilizar um encontro mais adiante. Não podemos deixar Bolsonaro (sozinho) na raia da sucessão”, justificou. “O sucateamento e a crise social estão acelerados.”
Na avaliação da parlamentar, o desafio é difícil e grave, diante de um projeto neoliberal que tem como objetivo “um Estado menor”, quando o país precisa do oposto, “o Estado estimulando a economia”. “Vivemos o caos do desemprego no ápice, famílias inteiras no meio da rua, trabalho com relação precária, inflação aumentando.”
Segundo ela, o país hoje passa por um processo em que os negros estão sendo novamente levados “à senzala”. “Estamos vivendo um trabalho escravocrata no país. A trabalhadora doméstica – que a Dilma regulamentou – é o símbolo do trabalho escravo no Brasil. Temos muito sinhôzinho no país. Nossa narrativa precisa de aproximar dessas pessoas, para organizar essas pessoas.”