Biden ou Sanders: saída do centro acirra disputa na Superterça das primárias democratas nos Estados Unidos

Atualizado em 3 de março de 2020 às 9:23
Bernie Sanders e Joe Biden. Foto: Wikimedia Commons

Publicado originalmente no site da RFI

POR NATHÁLIA WATKINS

As primárias do Partido Democrata chegam à Superterça com novo – e determinante – fôlego. Após as saídas de Pete Buttigieg e Amy Klobuchar, cinco democratas concorrem à nomeação pela legenda, sendo o senador de Vermont Bernie Sanders e o ex-presidente Joe Biden os líderes da disputa.Correspondente da RFI em Nova York.

Catorze estados, além da Samoa Americana, elegem nesta terça-feira (3) 1.344 dos 3.979 delegados que vão ao encontro nacional democrata, em julho. A Superterça ganhou contornos ainda mais decisivos com a mexida no tabuleiro centrista. A saída do ex-prefeito de South Bend, Pete Buttigieg, e da senadora Amy Klobuchar, além do apoio de última hora à campanha de Joe Biden, são tentativas de dar novo fôlego à candidatura do ex-vice-presidente.

A corrida era, até o momento, liderada por Bernie Sanders, da ala mais progressista do partido. Até sábado, poucos ainda apostavam que Joe Biden pudesse chegar à Superterça em posição de assustar Sanders. O senador do Vermont foi o mais votado em Iowa, venceu em New Hampshire e Nevada e chegou às primárias da Carolina do Sul com a fácil tarefa de alcançar um 2.º lugar e confirmar seu favoritismo. Mas no sábado, apoiado pelo voto afro-americano, Biden conseguiu uma vitória esmagadora de 48,4% na Carolina do Sul, enquanto Sanders ficou num distante segundo lugar, com 19,9%, revertendo o quadro e tornando a disputa mais acirrada.

Ala moderada pressiona

O apoio de pré-candidatos que abandonaram a corrida não será necessariamente traduzido em votos para Biden. Pesquisas indicam que a escolha da segunda opção dos eleitores beneficiará igualmente os candidatos restantes. Mas, com a nova configuração, aumenta a pressão dos moderados e a disputa converge para dois polos: os apoiadores de Bernie Sanders e aqueles que querem evitar que o progressista enfrente Donald Trump nas eleições de novembro.

Muitos veem em Biden uma figura mais palatável ao eleitorado americano em geral, com propostas mais moderadas e algum saudosismo em relação ao governo de Barack Obama, de quem foi vice-presidente.

A agenda de justiça social e igualdade econômica de Sanders pode espantar moderados que ajudaram os democratas a recuperar a maioria da Câmara em 2018. A grande questão, neste momento, se resume em determinar quem é o candidato mais viável na disputa com Trump.

Estreia de Bloomberg

O ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg entra oficialmente nas prévias nesta terça. Ele investiu milhões de dólares em propagandas de TV e nas redes sociais que tentam posicioná-lo como a melhor alternativa ao progressista.

Na média das pesquisas nacionais, Sanders aparece com 28,8% das intenções de voto, seguido por Biden, com 16,7%, e por Bloomberg, que tem 15,1%.

Resultados

Na maioria dos estados, os resultados saem em apenas algumas horas. Em outros, como a Califórnia, a contagem é mais lenta e pode levar até 30 dias. Ninguém leva a nomeação imediatamente depois de vencer nesses estados, mas uma boa performance garante a continuidade da campanha. Já um mau desempenho pode enterrar uma candidatura.

A Superterça é a data mais importante da corrida democrata já que, depois dela, quase 40% do total de delegados terão sido escolhidos. A maneira mais fácil de conseguir a nomeação democrata é ter os votos de 1.991 dos 3.979 delegados escolhidos nas prévias.

Mas, além deles, há 771 superdelegados, como governadores, congressistas e integrantes do comitê nacional, que podem ser acionados caso nenhum candidato atinja o número mínimo de representantes para se tornar o adversário do presidente Donald Trump na eleição de novembro.