Nesta quarta-feira (5), o ex-presidente e candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ganhou o apoio do bispo Romualdo Panceiro, líder evangélico que fez parte da cúpula da Igreja Universal e chegou a ser considerado o sucessor do bispo evangélico Edir Macedo.
“O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é uma pessoa bacana, do bem, uma pessoa de Deus, e não se deve levar tão a sério o líder evangélico que hoje fale o contrário”, disse o religioso, em entrevista à Folha de São Paulo, relembrando a inauguração do Templo de Salomão, sede mundial da igreja, inaugurado em 2014, no primeiro mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Neste mesmo dia, Panceiro se encontrou com Lula e gravou um vídeo para a campanha do petista. Ele foi a primeira liderança evangélica de peso a apoiar o petista que, durante seu governo, ganhou o apoio de grandes nomes do evangelicalismo, como o próprio Macedo. Entretanto, hoje, praticamente todos estão ao lado do atual presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), com quem Lula disputará o segundo turno.
O atual presidente tem se envolvido em diversas polêmicas relacionadas a satanismo e a maçonaria, e teme perder popularidade entre os evangélicos. Seus aliados do meio estão tentando minimizar a situação.
“Precisou desses anos todos para chegarem a essa conclusão? Anos atrás, todo mundo estava com Lula. O que ele fez para que chegassem a essa conclusão?”, afirmou o ex-bispo da Universal, alegando que o argumento de que um cristão de verdade não pode ser de esquerda, é “balela” que sua antiga igreja tenta promover.
Panceiro apostou que, caso Lula vença a disputa presidencial, no dia seguinte à posse, irão fazer fila no Palácio do Planalto: “Amanhã esse pessoal que está com Bolsonaro e detesta Lula, esse pessoal que vem com essa ideia de gênero, que é mentira, todo mundo vai apoiar Lula.”
De acordo com alguns religiosos, o líder da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), bispo Edir Macedo, pode estar pensando em “pular do barco”, com a possível vitória de Lula, que vem se mostrado o favorito nas pesquisas.
O bispo aproveitou o espaço para rebater a ideia de que apoiar o PT enfraqueça sua cristandade. “Não posso? Por quê? Quem vota no Lula não é cristão?” Ele ri nessa hora. “Essa coisa aí de ‘deixei de ser cristão porque estou apoiando Lula’, sabe o que é? É fanatismo. Não dependo da opinião de quem quer que seja para viver a minha fé”, declarou.
Também declarou que a aderência irrestrita de pastores graúdos ao bolsonarismo não passa de interesse político. “O que o pessoal quer? Poder, influência. Estão em jogo verbas que o governo pode dar para favorecer emissoras etc. Hoje a verba, que a gente chama de pão, é repartida talvez de forma injusta. Pedaço maior para fulano e um menor para beltrano. Na época do Lula, o pedaço de pão era repartido de forma justa.”
Atualmente, Panceiro lidera a Igreja das Nações do Reino de Deus, de pequeno porte e de linha neopentecostal, assim como em sua antiga casa. Ele, porém, ainda é um rosto conhecido de fiéis da Universal.