Blitze da PRF atrasaram eleitores no 2º turno, diz Justiça do RN

Atualizado em 6 de dezembro de 2023 às 14:19
O ex-diretor da PRF Silvinei Vasques e o ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução

A Justiça Eleitoral do Rio Grande do Norte afirmou que as blitze da Polícia Rodoviária Federal (PRF) interferiram na votação do segundo turno das eleições de 2022. Um relatório que aponta a interferência no fluxo de eleitores na ocasião foi enviado à Polícia Federal e incluído em inquérito que apura o caso. A informação é da GloboNews.

A apuração analisou uma amostra de 5.830 eleitores em 23 seções localizadas no município de Campo Grande (RN), a 272km de Natal. Segundo o documento, houve uma “frontal discrepância [no número de eleitores] com o primeiro turno”. O documento é assinado pela juíza eleitoral Erika Corrêa.

“Foi relatado, pelos mesários e mesárias, que o baixo comparecimento seria consequência da realização de operação por agentes da PRF no município. É senso comum que a fiscalização de trânsito realizada pela PRF, em qualquer momento não somente em dias de eleição , causa grande preocupação e receio à população residente nas cidades interioranas, em decorrência da situação irregular de alguns veículos e condutores”, diz o relatório.

A Justiça Eleitoral ainda avalia que a ação da PRF “pode ter causado impacto significativo no deslocamento de eleitores e eleitoras aos seus locais de votação, por receio de aplicação das sanções legalmente previstas ou pelo medo de ter seus veículos apreendidos”.

Agentes da PRF fizeram blitze durante segundo turno das eleições de 2022 no Nordeste. Foto: Reprodução

O documento destaca que “não há registro de operação semelhante” durante o primeiro turno das eleições de 2022 e nos dois turnos da votação em 2018.

“O que se pode afirmar, a partir de análise da realidade local e do contexto da atuação dessa força policial, é que ocorreu redução na procura pelas seções eleitorais no período matutino. Fenômeno não observado no primeiro turno das Eleições de 2022, quando não houve atuação da PRF na cidade. Logo, é possível concluir que a atuação da PRF pode ter postergado a ida dos eleitores às seções aqui analisadas”, prossegue.

O material da Justiça Eleitoral do Rio Grande do Norte será usado para confrontar Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF. Preso desde agosto por conta da investigação, ele negou ter utilizado as operações para prejudicar a votação de Lula e sua defesa alegou que as blitze não seriam capazes de interferir no resultado da disputa.

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