A Justiça Eleitoral do Rio Grande do Norte afirmou que as blitze da Polícia Rodoviária Federal (PRF) interferiram na votação do segundo turno das eleições de 2022. Um relatório que aponta a interferência no fluxo de eleitores na ocasião foi enviado à Polícia Federal e incluído em inquérito que apura o caso. A informação é da GloboNews.
A apuração analisou uma amostra de 5.830 eleitores em 23 seções localizadas no município de Campo Grande (RN), a 272km de Natal. Segundo o documento, houve uma “frontal discrepância [no número de eleitores] com o primeiro turno”. O documento é assinado pela juíza eleitoral Erika Corrêa.
“Foi relatado, pelos mesários e mesárias, que o baixo comparecimento seria consequência da realização de operação por agentes da PRF no município. É senso comum que a fiscalização de trânsito realizada pela PRF, em qualquer momento — não somente em dias de eleição —, causa grande preocupação e receio à população residente nas cidades interioranas, em decorrência da situação irregular de alguns veículos e condutores”, diz o relatório.
A Justiça Eleitoral ainda avalia que a ação da PRF “pode ter causado impacto significativo no deslocamento de eleitores e eleitoras aos seus locais de votação, por receio de aplicação das sanções legalmente previstas ou pelo medo de ter seus veículos apreendidos”.
O documento destaca que “não há registro de operação semelhante” durante o primeiro turno das eleições de 2022 e nos dois turnos da votação em 2018.
“O que se pode afirmar, a partir de análise da realidade local e do contexto da atuação dessa força policial, é que ocorreu redução na procura pelas seções eleitorais no período matutino. Fenômeno não observado no primeiro turno das Eleições de 2022, quando não houve atuação da PRF na cidade. Logo, é possível concluir que a atuação da PRF pode ter postergado a ida dos eleitores às seções aqui analisadas”, prossegue.
O material da Justiça Eleitoral do Rio Grande do Norte será usado para confrontar Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF. Preso desde agosto por conta da investigação, ele negou ter utilizado as operações para prejudicar a votação de Lula e sua defesa alegou que as blitze não seriam capazes de interferir no resultado da disputa.