Em entrevista à BBC Brasil nesta terça-feira (1), a influenciadora digital Fernanda Martinez, que possui uma doença rara, a síndrome de Ehlers-Danlos, afirmou que com a bloqueio das rodovias causado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), a entrega dos suprimentos que a mantêm viva está sendo prejudicada. A jovem de 24 anos, disse que sua condição de saúde exige suprimentos adequados para sua alimentação, que é administrada por via intravenosa.
A síndrome de Ehlers-Danlos é um distúrbio hereditário do colágeno caracterizado por hipermobilidade articular, suas articulações se movem além do limite muito facilmente. A condição causa paralisia do trato digestivo e a falência intestinal.
“De modo geral, o quadro torna as articulações, pele, vasos sanguíneos e órgãos mais frágeis. No meu caso, além dos sintomas mais comuns, desenvolvi uma série de complicações no trato gastrointestinal. Atualmente, meu estômago e intestinos não conseguem mais digerir e absorver nutrientes suficientes para me manter viva”, declarou a jovem que vive em Florianópolis, em Santa Catarina.
Segundo Fernanda, em Santa Catarina não há laboratórios que manipulam o seu tipo de nutrição e que por isso, necessita de um suplemento fabricado em Curitiba, no Paraná. Portanto, sua alimentação é transportada todos os dias para o seu estado.
“Elas possuem uma validade curta. Recebo apenas o necessário para um dia, todos os dias. Como eu não consigo me alimentar e nem beber água de outras formas, não receber é como ficar em jejum.”
À BBC, Fernanda ainda ressaltou os impactos negativos à saúde mental e física dela devido à falta de nutrição adequada: “Fica o sentimento de angústia e impotência por depender de um serviço que pode ser facilmente prejudicado, por não sabermos quando ou se chegará e por não conseguirmos fazer muita coisa em relação a isso.”
Segundo a Polícia Rodoviária Federal, o estado catarinense possui 40 pontos de bloqueios por conta das manifestações dos caminhoneiros contra a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no segundo turno das eleições que ocorreram no último domingo (30).
O caso clínico de Fernanda se agravou em 2019, quando passou a fazer a nutrição parenteral por meio de um soro rico em nutrientes: “Desde então, estou em nutrição parenteral, administrada através de um cateter no peito, em uma das veias que chegam ao coração. Como é direto na veia, ela não depende do funcionamento do trato gastrointestinal”, contou.