Publicado originalmente no blog do autor
Por Fernando Brito
Era previsível – e isto foi dito aqui – que a “boiada” liberada ontem pelo ministro ficaria presa na cerca da Justiça, por ser flagrantemente ilegal abolir, pura e simplesmente, regras e licenciamentos em áreas protegidas.
É natural, porque o objetivo de Jair Bolsonaro é, acima de tudo, criar uma “culpa” para ambientalistas – e para todos que dão valor à conservação ambiental – pelo que considera “avanço econômico”, seja em que bioma for: garimpo na Amazônia, pecuária no Pantanal e no cerrado, resorts e empreendimentos turísticos em áreas de manguezais e restingas.
Não está interesado em promover estas atividades de forma adequadamente manejada, como é possível hoje. Não: o raciocínio de Bolsonaro é o do “Velho Oeste”, de terra sem lei, de afirmação da força – seja a do dinheiro, seja a das armas – para ocupar a terra e arrancar dela tudo o que possa dar lucro, pouco importante que, em 50 anos, venham a ser cidades e aldeias fantasmas, ou amontoados humanos, como aqui no Rio aconteceu com a comunidade do Rio das Pedras, que avançou sobre este curso d’água e pela Lagoa do Camorim e é, hoje, uma área sob o controle da milícia.
Ricardo Salles, que sobrevive a tudo na chefia dos órgãos ambientais, muito embora não seja respeitado em parte alguma, aqui ou lá fora, é, como se disse ontem, apenas um agente de Bolsonaro, o gerente que bota a cara para fazer as barbaridades que o chefe deseja, sem a menor preocupação com a ética e lei.
Salles é o “boi de piranha” da opinião pública para a boiada de Bolsonaro passar.