O delegado Leandro Almada, ex-superintendente da Polícia Federal (PF) na Bahia, afirmou em depoimento que recebeu um pedido do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, para reforçar o policiamento nas ruas durante o segundo turno das eleições de 2022. Com informações do O GLOBO.
Almada é considerado peça-chave no inquérito da PF que investiga se Torres e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) atuaram para dificultar o acesso de eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) às urnas. Seis dias antes do segundo turno, Torres viajou à Bahia.
À época, policiais rodoviários realizaram bloqueios e fiscalizações em vans e ônibus nos estados em que o petista ganhou no primeiro turno.
Almada disse que Torres, ao fazer o pedido, alegou que que havia uma suposta “anormalidade” na compra de votos na Bahia. No estado baiano, Lula teve 69,7% dos votos no primeiro turno, enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou com 24,3%.
Questionado pelos investigadores se recebeu alguma orientação em relação às localidades onde deveria reforçar o policiamento, o delegado disse que “houve, sim, uma relação de cidades”.
O ex-superintendente na Bahia ainda disse que recebeu uma “sugestão” para que a PF atuasse em conjunto com a PRF em 30 de outubro, data do segundo turno. Segundo o delegado, a proposta era “inadequada” e, por isso, acabou não sendo executada.
Sobre o reforço no policiamento no dia da votação, Almada afirmou que o colocou em prática, até porque havia recebido dias antes um pedido similar do presidente do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), que manifestou a ele “medo de estar um pouco conflagrada a situação eleitoral” devido à polarização entre Lula e Bolsonaro.
Além disso, Almada disse que o diretor-geral da PF na época, Márcio Nunes, também já havia dado uma ordem genérica para que todos os 27 superintendentes reforçassem o policiamento no dia do pleito em seus estados.