O bolsonarismo está recuando após os primeiros dias do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Com seu líder fora de cena, apoiadores estão desorientados e começam a se desmobilizar nas ruas e nas redes sociais, relata a Folha de S. Paulo.
Após Lula assumir a Presidência, bolsonaristas radicais que acampavam em frente a quartéis com pedidos de intervenção das Forças Armadas passaram a desmontar suas tendas e a irem embora. As manifestações ainda persistem em alguns locais, com ideias conspiratórias de que a posse de Lula foi uma encenação ou que o general Augusto Heleno virou presidente.
O descontentamento com o líder foi evoluindo a medida que Bolsonaro silenciou e se manteve recluso no Palácio da Alvorada após perder as eleições. Depois, surgiram sinais interpretados como indícios de uma agitação golpista que nunca se concretizou. Por fim, a viagem sem data de volta para os EUA, após uma live de despedida. Sem uma mensagem clara, parte dos bolsonaristas se desiludiu com o ex-presidente.
Além disso, Bolsonaro foi ignorado nos discursos de posse de dois dos governadores do Sudeste que o apoiaram no segundo turno, Cláudio Castro (PL-RJ) e Romeu Zema (Novo-MG). O ex-presidente recebeu agradecimento apenas de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).
O ex-ministro da Infraestrutura mencionou Bolsonaro em seus dois discursos e lembrou que só avançou na carreira política graças ao ex-chefe. Após expressar gratidão, não indicou como fica a ligação entre eles daqui para a frente, afirmando que esperar uma relação “profissional, republicana e cordial” com Lula.
No Índice de Popularidade Digital (IPD), indicador monitorado diariamente pela empresa de pesquisa e consultoria Quaest, Bolsonaro continua em tendência de queda. Na quinta-feira (5), ele tinha 40,5 pontos na métrica, que vai de 0 a 100. Na campanha, com a popularidade em patamar superior, chegou a marcar 88,1. Lula registrava 67 pontos na quinta.
Outro indicador da Quaest mensurou o peso do bolsonarismo no noticiário político entre agosto de 2022 e este mês. O dado mostra que esse grupo perdeu o lugar para as discussões em torno de Lula e sua equipe.