Lideranças do Partido dos Trabalhadores em Santa Catarina estão articulando ações para que a advogada Liliane Mayre Fontenele, de Itajaí-SC, que ficou conhecida em sua região como “Doutora Pix”, seja ouvida na condição de investigada na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) dos atos golpistas do dia 8 de Janeiro. Ela se notabilizou por usar sua própria conta bancária e realizar pagamentos via PIX para o financiamento da caravana de manifestantes golpistas que foram de Santa Catarina a Brasília e invadiram as sedes dos Três Poderes.
Idelli Salvatti, ex-senadora petista e ex-ministra de três pastas diferentes durante o governo de Dilma Rousseff, atualmente preside o Movimento Humaniza SC, que combate por meios pacíficos a violência política praticada por extremistas de direita. A entidade e sua coordenadora estão encampando um pedido oficial à CPI que foi feito pelo diretório municipal do PT de Itajaí, para que Liliane Fontenele seja incluída na lista dos investigados a serem interrogados pelos parlamentares.
No pedido do PT – que conta com a reprodução de trechos de reportagem do DCM acerca do caso – está descrito que a “Doutora Pix” “foi líder dos atos antidemocráticos que iniciaram após o fim do segundo turno das eleições presidenciais de 2022, sendo organizadora, instigadora e financiadora do acampamento que foi fixado na frente da sede da Marinha do Brasil em Itajaí”.
Além disso, ainda conforme o documento, a advogada esteve no Congresso Nacional no dia 7 de dezembro do ano passado, conjuntamente com Bismark Fugazza (Canal Hipócritas do Youtube), que já foi preso em decorrência de atos antidemocráticos. Na ocasião, ela leu uma carta que conclamava as Forças Armadas a darem um golpe de Estado, sob pena do movimento que ela liderava “tomar Brasília” e efetuar a “paralização de todo o Brasil”. Veja vídeo abaixo.
Finalmente, se explica no pedido de investigação que Fontenele bancou ônibus e alimentação para centenas dos invasores que depredaram as sedes da República, alguns deles ainda presos em Brasília.
A articuladora dos atos chegou a criar grupos de WhatsApp para arregimentar manifestantes dispostos a viajar gratuitamente de Santa Catarina a Brasília e invadir os prédios públicos, conforme também consta em imagens reproduzidas no pedido do PT de Itajaí. Veja um exemplo abaixo.
Gerd Klotz, presidente do PT de Itajaí, lembra ainda que a advogada não só levantou fundos para financiá-los como esteve presente em Brasília no dia 12 de dezembro de 2022, na diplomação do presidente Lula, quando a extrema direita queimou ônibus e veículos particulares tentando invadir a sede da Polícia Federal. Por isso, disse ele ao DCM:
Estamos articulando junto a bancada governista para que a advogada que ficou conhecida como “Doutora Pix” seja ouvida como investigada na CPMI dos atos golpistas no Congresso, por sua participação direta nos seus preparativos. Ela articulou, levantou fundos e esteve presente nas cenas do crime. Ela deve ser investigada na CPMI, e todos os seus cúmplices, da época e do presente, chamados às falas pela Justiça!
Quando fala em “seus cúmplices da época e do presente”, Klotz se refere indiretamente ao pré-candidato a prefeito de Itajaí Robison Coelho (PL). O líder bolsonarista ganhou recentemente as páginas da imprensa local ao se reunir com a Doutora Pix, que já tem contra si um pedido de investigação no Conselho de Ética da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e uma notícia-crime instalada da Polícia Civil de Santa Catarina.
Ou seja, em que pese as evidências abundantes de sua articulação e financiamento dos atos de 8 de Janeiro, a Doutora Pix não abandonou qualquer hábito que mantinha antes da tentativa de golpe frustrada do início do ano, a não ser um.
Ela deixou de gravar vídeos no aplicativo Tik Tok, onde a advogada conservadora mantinha uma conta apenas com cenas requebrando ao som de funks como “Sentadão”, do cantor “JS, o Mão de Ouro”. Fontenele apagou a conta logo após o DCM reproduzir um de seus vídeos. Veja abaixo.