As sete representações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com as quais o presidente Jair Bolsonaro (PL) entrou, entre a noite de quinta-feira (4) e sexta-feira (5), contra o Partido dos Trabalhadores e seu candidato, Luiz Inácio Lula da Silva, mostram que, agora, os bolsonaristas pretendem adotar a fórmula usada pelo partido concorrente: usar as ações judiciais como arma na guerra da comunicação.
Até a última quarta-feira (3), o Partido Liberal só tinha ingressado com três ações contra Lula e o PT. Com as últimas sete, o número total de processos mais que triplicou. Segundo o Jornal O Globo, a percepção que a agremiação de Bolsonaro tinha era de que o PL só “apanha” na arena eleitoral, enquanto o PT tem uma estratégia de comunicação mais agressiva e usa as ações para ganhar espaço na mídia e nas redes sociais, independentemente do resultado dos processos.
O Partido dos Trabalhadores já acionou o TSE ao menos 23 vezes contra o atual chefe do governo. A última ação alega irregularidades na convenção que consagrou Bolsonaro candidato à reeleição no domingo (23).
As novas reclamações do PL são de que Lula tem chamado Bolsonaro de genocida e pedem que o candidato do PT seja multado por isso, solicitando também a retirada dos vídeos dos discursos da internet. O caso está sob a relatoria da ministra Cármen Lúcia.
A defesa do partido de Bolsonaro alega que “genocida não é um adjetivo qualquer, mas sim palavra de conteúdo pejorativo gravíssimo”, cujo uso “ofendeu a honra” do chefe do Executivo.
“Discurso de ódio e imputação de crimes não podem ser tolerados num regime democrático”, disse à coluna de Malu Gaspar o advogado do PL, Tarcisio Vieira. “Liberdade de expressão tem limite – e eles estão abusando da liberdade.”
Para o advogado, a mudança na estratégia está relacionada ao comportamento “abusivo de Lula”, que tem feito “campanha antecipada ilegal sem qualquer pudor”.
Já em outros processos, o PL acusa Lula de promover “verdadeiro comício eleitoral antecipado” em eventos em Recife, Garanhuns (PE) e Brasília, no mês passado, fazendo “inúmeras promessas de campanha” e pedindo votos, “ainda que de forma dissimulada”.