Os bolsonaristas estão organizando caravanas para o evento de apoio ao ex-presidente programado para ocorrer na avenida Paulista no próximo domingo (25), seguindo uma estratégia semelhante à implementada nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023. Com informações do Uol.
Pelo menos três grupos de fora de São Paulo estão se mobilizando para participar do evento. Eles partirão de Curitiba (PR), São José dos Campos (SP) e Ribeirão Preto (SP) entre a noite de sábado e a manhã de domingo, conforme informado por seus organizadores.
A caravana de Curitiba contará com seis ônibus, saindo da capital paranaense às 0h de domingo. Cada passageiro contribuirá com R$ 170 pelo transporte. Na tarde da última quinta-feira (22), todas as vagas nos ônibus leito já estavam preenchidas, restando apenas 12 lugares nos veículos semi-leito.
O grupo de São José dos Campos (SP) possui uma lista de espera. Com passagens a R$ 50, a caravana que partirá com três ônibus da cidade do Vale do Paraíba às 9h30 do próximo domingo já está com lotação esgotada desde a última quinta (22).
As vagas também estão esgotadas na caravana proveniente de Ribeirão Preto. Na cidade do interior de São Paulo, não há fila de espera para interessados.
Anúncios online divulgam outras caravanas, cujas confirmações não puderam ser obtidas. Um deles menciona um grupo que partirá de Itajubá (MG) às 6h de domingo, com passagens a R$ 115. Outro anúncio informa sobre uma caravana saindo da região de Santa Bárbara do Oeste (SP) e Americana (SP), que ainda possuía vagas até quarta-feira (21).
O governo de São Paulo está finalizando o plano de ação para o evento. Aproximadamente 2 mil policiais acompanharão a manifestação na Paulista. Unidades como a Força Tática, o Batalhão de Choque e a Cavalaria fornecerão agentes. Drones e câmeras também serão utilizados para monitoramento.
O evento contará com dois trios elétricos e uma área VIP com acesso controlado. A expectativa é que Michelle Bolsonaro dê início aos trabalhos com uma prece. Segundo o pastor Silas Malafaia, um dos organizadores, há preocupação para que não ocorram ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal) durante o evento.
Apenas Malafaia fará menção a Alexandre de Moraes. O pastor declarou que pretende fazer “considerações” sobre as decisões do ministro do STF, mas sem recorrer a agressões. A expressão “ditador de toga”, usada por ele em vídeos para se referir ao membro da Suprema Corte, não será proferida.
A expectativa é que mais de 100 políticos estejam presentes na Paulista, a maioria do PL, partido de Bolsonaro. No entanto, há também representantes de outras siglas, o que os aliados do ex-presidente consideram uma demonstração de força política. Três governadores têm presença confirmada: Tarcísio de Freitas (São Paulo), Jorginho Mello (Santa Catarina) e Ronaldo Caiado (Goiás).
Os bolsonaristas foram alvo de uma operação da Polícia Federal no último dia 8, na qual foram realizadas prisões e cumpridos mandados de busca e apreensão contra apoiadores do ex-presidente suspeitos de integrar uma suposta organização criminosa que teria tentado um golpe para manter Bolsonaro no poder.
As caravanas marcaram o 8 de janeiro de 2023. Um mapa elaborado para os atos antidemocráticos reunia 43 cidades de onde os bolsonaristas poderiam embarcar em ônibus para Brasília. Na época, uma passagem só de ida a partir do Rio era negociada por R$ 190 em um grupo no Telegram. Entre os radicais, o evento que resultou nos distúrbios na capital federal era denominado de “festa da Selma” antes de ocorrer.
O deslocamento dos grupos para Brasília antes de 8 de janeiro alarmou as autoridades. Em um relatório elaborado no dia 6, a Secretaria da Segurança Pública do Distrito Federal já mencionava a chegada de caravanas bolsonaristas à capital federal e o risco de vandalismo nos protestos programados para aquele fim de semana.
A Polícia Rodoviária Federal apreendeu 87 ônibus em menos de cinco dias. Após os atos antidemocráticos, veículos procedentes de Penápolis (SP), Araranguá (SC) e outras áreas com indícios de possível uso por pessoas que participaram dos distúrbios foram recolhidos em várias rodovias do país pela corporação.
As investigações revelaram que, em alguns casos, igrejas evangélicas custearam o transporte de fiéis. Em depoimentos prestados à Polícia Federal, indivíduos detidos nos atos antidemocráticos relataram terem sido recrutados por pastores para participarem dos distúrbios em Brasília.
No total, mais de 1.800 pessoas foram presas por participação no evento de 8 de janeiro. Com mais de sete horas de duração, o evento resultou na invasão das sedes do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, além do Palácio do Planalto. O prejuízo total calculado superou os R$ 18 milhões.