Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro têm perseguido o fotógrafo Adriano Machado, da agência de notícias Reuters, por registrar imagens de terroristas durante a invasão de 8 de janeiro ao Palácio do Planalto. Segundo os bolsonaristas, Machado teria sido parte de uma “encenação” do PT durante o ato dos vândalos.
Um dos “indícios” da armação seria o fato de o profissional ter fotografado a posse presidencial de Lula e ter sido creditado pelo petista nas redes sociais. Os bolsonaristas têm usado imagens feitas pela Reuters para provar a “armação”.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) é um dos responsáveis por coordenar a nova narrativa. Segundo o filho do ex-presidente, o fotógrafo registrou a invasão como se fosse “uma gravação de cinema” com “atores”.
Seria ele nesta imagens? Parece uma gravação de cinema onde os atores esperam o ok do diretor para iniciar a cena. https://t.co/N8zlxhhsLw pic.twitter.com/gmQ1z0dAAK
— Eduardo Bolsonaro?? (@BolsonaroSP) April 24, 2023
Ao contrário do que sugere a narrativa bolsonarista, os invasores não são atores. Um dos terroristas fotografados pela Reuters foi identificado. Vitório, que foi flagrado durante o ataque, é um militar da reserva que participa de atos golpistas desde 2020.
O bolsonarista foi filmado em março daquele ano durante uma manifestação que pedia “álcool e fogo” contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF).
Veja:
O vídeo foi registrado por @afonsobenites, que cobriu as manifestações golpistas de 2020 e entrevistou Vitório na ocasião, e já foi encaminhado às autoridades competentes.
Se vocês notarem bem, ele inclusive está com o mesmo óculos que usou no dia 08/01.https://t.co/XEH3PtfgNm
— tesoureiros (@tesoureiros) April 24, 2023
Com a divulgação de novas imagens do dia das invasões, parlamentares bolsonaristas no Congresso Nacional começaram a recuar na luta pela abertura de uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para apurar os ataques terroristas de 8 de janeiro.
Apesar de terem investido na mobilização para instalar o colegiado nas últimas semanas, os aliados de Bolsonaro iniciaram um movimento de desmobilização nos bastidores.