Publicado originalmente no perfil do autor
Poucos meses de vivência sob um governo autoritário e inimigo do conhecimento causaram grandes estragos à direita na UnB. Muitos grupos, como os alinhados ao MBL ou ao Novo, fazem questão de marcar distância. Restou um grupo muito pequeno de bolsonaristas a toda prova – até onde sei, o grupo militante não é formado por mais de quatro estudantes – que opera como uma espécie de milícia virtual weintraubista.
Parece bizarro. E é mesmo.
Eles se dedicam a produzir elogios para o jumento da Educassão e a “denunciar” professores e estudantes. De vez em quando alguém me avisa que estou estrelando uma produção deles. Pegam um trecho de alguma entrevista e distribuem nas redes dizendo “olhem o doutrinador comunista”. Às vezes são até trechos bem escolhidos; fazem para mim uma propaganda involuntária. Pequena, na verdade, porque as páginas deles não têm quase nenhuma repercussão.
Doutrinação comunista, monocultura de maconha, gente pelada, desperdício de dinheiro público, é toda a ladainha de sempre dos neofascistas contra a universidade.
Agora, Weintraub lançou a MP para nomear interventores nas universidades, institutos federais e Colégio Pedro II. Uma afronta evidente à autonomia garantida no texto da Constituição. Usa como desculpa a pandemia – quando conveniente, a “gripezinha” é promovida de categoria.
Pois os bolsominions da UnB, com a pureza dos desprovidos de inteligência, não se preocupam em disfarçar, em propagar a justificativa oficial. Comemoram a arbitrariedade dizendo: “Vai ter reitor conservador”.
O projeto é esse: aparelhar politicamente as instituições federais de ensino para destruí-las por dentro.
A MP tem validade imediata e afeta vários processos sucessórios em curso. Não basta deixá-la caducar. É necessário devolvê-la ao Executivo. Motivo não falta: é flagrantemente inconstitucional.